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    Procuradoria pede cassação de mandato de vice-presidente do PTB

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    09/01/2015 15h37

    Vice-presidente nacional do PTB, o deputado federal eleito Benito Gama foi alvo de um pedido de cassação do diploma e do mandato pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) da Bahia por abuso de poder e irregularidades na prestação de contas.

    A ação, assinada pelos procuradores Ruy Mello e Mário Medeiros, teve como base reportagem da Folha publicada em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral.

    A reportagem revelou que Gama contratou aliados políticos como prestadores de serviços e distribuiu entre eles R$ 2,2 milhões, dinheiro da campanha. Estão na lista ex-vereadores, ex-prefeitos e pastores evangélicos.

    Cada um recebeu até R$ 300 mil para subcontratar serviços para a campanha. Essa contratação indireta de serviços, porém, é vedada pela legislação, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

    Os dados foram obtidos na prestação de contas parcial do candidato. Na prestação final, divulgada em outubro de 2014, o deputado divulgou gastos de R$ 6 milhões, sendo 75% desse valor com "contratação de serviços de terceiros".

    Mesmo com a campanha mais cara entre os deputados federais eleitos pela Bahia em 2014, Gama obteve 71.372 votos e foi o último dos 23 eleitos em sua coligação.

    O deputado federal eleito foi procurado pela reportagem, mas não atendeu as ligações.

    Alan Marques - 19.fev.14/Folhapress
    O vice-presidente do PTB, Benito Gama
    O vice-presidente do PTB, Benito Gama

    SUBCONTRATAÇÃO ILEGAL

    Os procuradores argumentam que Gama adquiriu bens e serviços da campanha por meio de terceiros e não os declarou na prestação de contas.

    Segundo eles, o candidato "burlou, sem reservas, os ditames legais" para "fugir do controle" dos gastos eleitorais.

    "A campanha do candidato repassou a lideranças políticas [...] vultosas quantias, a fim de obter apoio e retorno eleitoral, tudo sob o pretexto de prestação de serviços", argumentaram os procuradores na ação.

    A apuração da Procuradoria identificou 30 pessoas que confirmaram ter recebido dinheiro para a campanha do candidato em vários municípios baianos.

    Todas declararam que receberam o dinheiro para exercer a função de coordenadores da campanha e contratar pessoas para ações como pintura de muros, afixação de publicidade e distribuição de santinhos.

    As testemunhas ouvidas também confirmaram gastos com aquisição de materiais de campanha –sendo que essas informações foram omitidas na prestação de contas do candidato, segundo a PRE.

    Segundo os procuradores, os gastos de campanha de Benito Gama "desequilibraram o pleito, pois o aporte financeiro irregular colocou o candidato eleito em posição vantajosa aos demais concorrentes".

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