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    Kassab tenta atrair até três governadores para nova sigla

    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    11/01/2015 02h00

    O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), espera engordar as fileiras de seu partido no Congresso Nacional –e, consequentemente, seu poder de barganha no governo federal– patrocinando a recriação de uma legenda, o PL, que seria, em seguida, alvo de uma fusão com o PSD.

    Aliados do ex-prefeito de São Paulo afirmam que ele estima atrair até 30 deputados federais para a nova sigla, além de dois a três governadores e senadores.

    Em conversas reservadas, Kassab e até dirigentes de legendas que estão alarmadas com a mobilização mencionam a migração de pelo menos dois governadores ao novo PL: José Melo (Pros), do Amazonas, e Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba.

    A operação colocou em alerta partidos de oposição e aliados da base governista.

    Se conseguir concretizar a fundação do PL com o sucesso que projeta nos bastidores, Kassab passará a comandar a segunda maior bancada do Congresso, desbancando o PMDB, que elegeu 66 federais. O PSD tem hoje 37 deputados.

    A desconfiança de que o projeto tem o aval do Planalto e da presidente Dilma Rousseff (PT) irritou peemedebistas, que veem nisso uma tentativa de diminuir a importância do partido nas votações do Congresso.

    A oposição, que já sofreu baixas quando Kassab saiu do DEM para criar o seu PSD há três anos e, em consequência, aderir ao governo, agora tenta evitar novas defecções.

    PSB, DEM e PSDB estudam fazer uma consulta formal ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a legitimidade da criação do partido com vistas a uma posterior fusão. A oposição espera, com isso, constranger os que pretendem deixar suas legendas.

    'IRMÃS SIAMESAS'

    Procurado, Kassab não quis falar sobre o assunto. Oficialmente, quem coordena a refundação do PL é um assessor do governo de Goiás, Cleovan Siqueira, de 62 anos.

    Os dois militaram no antigo PL em 1989, quando a sigla lançou Guilherme Afif Domingos à Presidência.

    A antiga legenda foi extinta em 2006, após uma fusão com o Prona, lance que deu origem ao PR, do ex-deputado condenado no mensalão Valdemar da Costa Neto.

    "Em 2007 eu decidi refundar o partido, e desde então trabalho nisso", diz Cleovan.

    Em sete anos, ele calcula ter conseguido cerca de 85 mil das quase 500 mil assinaturas exigidas por lei para legitimar a criação de uma sigla.

    Kassab entrou no plano em 2014 e, em menos de um ano, incorporou quase 400 mil apoios. A expectativa é ter tudo pronto em fevereiro para fazer o pedido de registro na Justiça Eleitoral.

    Questionado sobre como o ex-prefeito conseguiu tantas assinaturas em tão pouco tempo, Cleovan diz: "O Kassab tinha uma bancada de mais de 40 deputados na Câmara, tinha governadores e senadores do PSD... Cada um ajudou um pouco".

    Na década de 1990, Cleovan foi vereador de Caldas Novas (GO), cidade famosa no Centro-Oeste pelas festas de música baiana que promove.

    No ano passado, já aliado a Kassab, concorreu a deputado pelo PSD. Teve 856 votos num universo de 4,2 milhões de eleitores."Aqui é pequeno, sabe?", justificou.

    Cleovan nega que o plano seja fazer a fusão com o PSD logo após a recriação do PL. Diz que as duas siglas só se unirão formalmente se o Congresso aprovar o fim das coligações proporcionais."Até lá, o PSD e o PL serão legendas irmãs, irmãs siamesas."

    Editoria de Arte/Folhapress

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