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    Após pressão popular, governador do RS desiste de aumento salarial

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE

    19/01/2015 13h32

    O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), voltou atrás e decidiu nesta segunda-feira (19) abrir mão do reajuste do próprio salário, que tinha sancionado na última sexta-feira (16).

    O aumento em seu vencimento, no do vice e de secretários de Estado gerou forte repercussão na opinião pública e virou motivo de ataques de opositores. Os críticos argumentavam que o reajuste no início do mandato era uma contradição diante da crise nas finanças do Estado e da política de corte de gastos anunciada na posse, há menos de três semanas.

    O percentual de reajuste para o governador era de 46% –a remuneração passaria para R$ 25.322. Descontada a inflação desde o último reajuste, o aumento real seria de 6,5%. Para o vice e secretários, o índice foi de 64% (ou 15%, já descontada a inflação). O vice, José Paulo Cairoli (PSD), também terá o salário congelado. Os secretários terão o aumento.

    Com isso, os secretários estaduais poderão ganhar mais que o chefe do Executivo. Para o secretariado, a remuneração passou a ser de R$ 19 mil, enquanto o salário de Sartori permanecerá em R$ 17.347.

    Em anúncio à imprensa, Sartori disse que tomou a medida porque "a opinião pública reagiu" e afirmou que levou em conta a visão de pessoas com as quais convive. Também disse que ficou "muito em dúvida" ao sancionar o aumento e que a má situação financeira do Estado não foi gerada em seu governo.

    "Quem mais erra é quem não tem a humildade de voltar atrás. Ouvi a voz dos gaúchos", disse.

    A economia para os cofres públicos, no entanto, será reduzida. Com o congelamento do salário do governador e do vice, o Estado deixará de gastar pouco menos de R$ 200 mil ao ano.

    Também na sexta-feira, foi sancionado o aumento para a cúpula dos outros poderes do Estado, incluindo deputados estaduais, desembargadores, conselheiros do Tribunal de Contas, defensores públicos e promotores. O impacto desses reajustes é de dezenas de milhões de reais por ano.

    No mesmo dia, Sartori havia dito a jornalistas que não sancionar o conjunto de aumentos seria algo "oportunista" e demagógico.

    CRISE NOS SERVIÇOS

    Como primeira medida ao assumir o governo, o peemedebista anunciou o congelamento de nomeações de servidores e a redução de gastos com custeio.

    A iniciativa já gerou efeitos em serviços públicos essenciais, como a segurança. Sem horas extras, patrulhas da polícia militar e o atendimento do Corpo de Bombeiros estão prejudicados. O Instituto de Previdência do Estado está atrasando o pagamento de consultas médicas feitas no fim de 2014.

    Aprovados em um concurso da Polícia Civil protestam desde a semana passada em frente ao palácio do governo para reivindicar novas nomeações.

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