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    Peemedebista acusa governo de interferir em eleição na Câmara

    ANDRÉIA SADI
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    20/01/2015 02h00

    A duas semanas da eleição para a presidência da Câmara, parlamentares relataram à Folha que o governo federal tem oferecido cargos em troca do apoio a Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa.

    O principal adversário do petista é Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do Palácio do Planalto.

    ''Todos os dias recebo relato de deputados abordados por ministros do Palácio tentando fazê-los mudarem para a candidatura do Chinaglia. Abordados com todo tipo de proposta e de cobranças, incluindo ofertas de cargos, segundo me relatam'', afirmou Cunha.

    Representantes de um recém-formado bloco de oito partidos nanicos, que somam 40 deputados, se reuniram na semana passada com o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais).

    Deputados que fazem parte da coordenação desse bloco disseram à Folha, em entrevistas gravadas, que houve pedido de apoio a Chinaglia e oferta de cargos no governo federal e em administrações estaduais e municipais ligadas ao PT.

    A assessoria de Pepe Vargas negou negociação de cargos em troca de apoio a Chinaglia. A Folha não conseguiu falar com o candidato do PT nesta segunda-feira (19).

    A presidente do PTN de São Paulo, a deputada federal eleita Renata Abreu, disse que não foi à reunião porque estava em viagem, mas afirmou que foi informada pelos colegas do teor do encontro. Ela confirmou que houve oferta de participação no governo federal e em administrações aliadas nos Estados.

    Renata Abreu disse que a sua percepção é que Cunha irá vencer, mas que o governo virá "com tudo". Questionada se está havendo promessas do governo para cargos, ela disse: "Está".

    Segundo ela, na próxima reunião o objetivo é tratar dos "espaços que o governo federal pode abrir para os partidos para que eles projetem seus mandatos".

    O deputado federal eleito Hildo Rocha (PMDB-MA) também diz ter recebido relatos da reunião de cinco parlamentares presentes de que o governo estaria oferecendo cargos federais nas administrações locais. E que setores do Planalto teriam dito ao grupo que o Ministério do Esporte, dado ao PRB, era mais importante para o partido que a eleição de Cunha.

    No bloco de nanicos, o PRB é o partido que tem o maior peso –ele responde por 21 dos 40 deputados eleitos– e por enquanto está fechado com Cunha.

    Os dois candidatos disputam o voto do bloco porque eles podem ser decisivos. Em 2007, por exemplo, Chinaglia foi eleito presidente da Câmara por uma diferença de apenas 18 votos.

    O deputado eleito Luis Tibé (PT do B-MG), que foi à reunião com Vargas, também confirmou que o governo demonstrou interesse na participação dos partidos na administração federal. Mas afirmou que a oferta de cargos não foi vinculada ao apoio ao petista.

    Cunha prevê ''esfacelamento'' da base do governo devido à interferência do Planalto no Legislativo. ''Se o governo escolher um lado depois não poderá cobrar do outro o alinhamento que eles precisarão para aprovar o que necessitam'', afirma.

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