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    Lava Jato

    Petrobras terá consultores para calcular perdas com refinarias

    SAMANTHA LIMA
    DE DO RIO
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    23/01/2015 02h00

    A Petrobras contratou dois renomados consultores internacionais para calcular as perdas com as refinarias de Abreu e Lima (PE) e do Comperj (RJ). Os projetos foram alvo de desvios do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato.

    A Folha apurou que a estatal optou pela Deloitte e pelo BNP Paribas para fazer os cálculos. Os números devem ser conhecidos quando a Petrobras divulgar seu balanço no próximo dia 27. As demonstrações financeiras da companhia do terceiro trimestre estão atrasadas desde dezembro por falta de aval do auditor independente, a PwC.

    "Não interessa quanto roubaram, mas sim quanto custa construir a preço real cada refinaria e o quanto elas vão gerar de receita", diz um funcionário graduado da estatal: "Assim será feito o ajuste".

    Com a explosão de gastos, é provável que as receitas a serem geradas pelas duas refinarias sejam insuficientes para cobrir custos e remunerar o investimento, o que significa perda para a Petrobras e uma baixa nos seus ativos.

    Reportagem da Folha de domingo (18) mostrou que uma auditoria interna da Petrobras apontou, em novembro de 2012, prejuízo de US$ 3,2 bilhões com a construção de Abreu e Lima. Com custo inicial de US$ 2,5 bilhões, orçados em 2007, a refinaria será concluída em abril ao custo de US$ 18,5 bilhões. Já o Comperj está orçado hoje em US$ 13,6 bilhões. São as obras mais caras em curso no país.

    As unidades começaram a ser erguidas na gestão de Paulo Roberto Costa, diretor da estatal entre 2004 e 2012. Foram construídas por empreiteiras participantes do suposto esquema de corrupção revelado por Costa à Justiça.

    Para descontar dos investimentos o que foi pago em corrupção, cada refinaria passa a ser contabilizada individualmente. Até o balanço do segundo trimestre, a Petrobras vinha avaliando suas 15 refinarias conjuntamente –o que permitia camuflar a baixa rentabilidade das que foram construídas com custos acima do valor de mercado.

    Membros independentes do conselho de administração da Petrobras vinham criticando essa metodologia.

    Em outubro, após o depoimento de Costa, a PwC avisou à Petrobras ser "absolutamente necessário" investigar o impacto da corrupção nos ativos da empresa e ameaçou não assinar o balanço. A Petrobras decidiu então contratar a Deloitte e o BNP.

    A Deloitte disse que não confirma as informações. O BNP disse que "não faz comentário sobre serviços prestados ou não a seus clientes". A Petrobras não comentou.

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