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    Com aval de Lula, Haddad faz trocas em equipe para enfraquecer rivais

    CATIA SEABRA
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    27/01/2015 12h15

    Juca Varella - 16.jul.14/Folhapress
    O ex-presidente Lula conversa com o prefeito Fernando Haddad durante evento em SP
    O ex-presidente Lula e o prefeito Fernando Haddad conversam durante evento na zona sul de São Paulo

    Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reformulou sua equipe de secretários para inviabilizar candidaturas adversárias à sua reeleição em 2016.

    Em um desenho que reproduziu alianças do plano federal, o petista atua para impedir o lançamento de um candidato próprio pelo PMDB e para neutralizar a movimentação partidária da senadora Marta Suplicy (PT-SP).

    Na tentativa de enfraquecer as candidaturas de oposição, o petista convidou ainda o PSD do ex-prefeito de São Paulo e ministro recém-empossado Gilberto Kassab (Cidades) para integrar sua nova equipe de governo. As mudanças, realizadas nas duas últimas semanas, também conferiram maior prestígio a dirigentes do PT paulista, em esforço para evitar disputas internas a um ano da campanha municipal.

    Na semana passada, Haddad convidou o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha para a Secretaria de Relações Governamentais e o senador Eduardo Suplicy para Direitos Humanos e Cidadania. Ao acomodá-los na máquina municipal, o prefeito amarrou os dois petistas ao seu projeto à reeleição e, assim, deteve de uma vez possíveis concorrentes internos.

    A negociação da nova equipe de governo foi toda articulada por Lula, que tem manifestado a aliados preocupação com o desempenho eleitoral do PT em São Paulo.

    Em 2014, a presidente Dilma Rousseff (PT) teve apenas 35,7% dos votos válidos no segundo turno em São Paulo. Candidato do partido ao governo, Padilha amargou o terceiro lugar com 18,2%. O ex-presidente petista tem reafirmado que o projeto nacional do PT está ameaçado caso o cenário no Estado não seja revertido até 2018.

    Com o rearranjo municipal, a intenção dele é melhorar a avaliação do prefeito e, assim, fortalecer a imagem da sigla na capital paulista. A última pesquisa Datafolha, divulgada em setembro, mostrou melhora na aprovação da gestão municipal, mas ela ainda patina em 22%.

    Editoria de arte/Folhapress

    ESPELHO

    A negociação com siglas aliadas em São Paulo tentou repetir a atual composição da Esplanada dos Ministérios. A exemplo do plano federal, o PMDB ganhou mais espaço na prefeitura, passando de três para cinco pastas, e deve compor dobradinha com o PT na disputa eleitoral de 2016.

    A operação que levou o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) ao comando da Secretaria da Educação, e que deve lançá-lo como vice de Haddad no ano que vem, foi montada por Lula e pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB).

    O acordo descarta uma candidatura do PMDB ao governo municipal e fecha as portas do partido para uma eventual candidatura de Marta Suplicy. O PMDB era apontado como um dos possíveis destinos da senadora caso decida deixar seu partido.

    O rearranjo também fortaleceu a aliança nacional entre PT e PR, outra sigla que poderia oferecer espaço para Marta Suplicy, e amarrou o apoio do partido à reeleição do prefeito em 2016. À frente do Ministério dos Transportes, o ex-senador Antonio Carlos Rodrigues (PR) indicou o advogado Marcelo Nobre para a secretaria de Negócios Jurídicos.

    "É difícil ter um Ministério e ficar do lado contrário na maior cidade do Brasil", reconheceu Rodrigues.

    Na tentativa de aproximar o PSD do PT também em São Paulo, uma vez que o partido já compõe a Esplanada dos Ministérios, o prefeito ofereceu à sigla a presidência da empresa São Paulo Turismo. A legenda, no entanto, ainda não definiu um nome para ocupar o posto.

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