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    Lava Jato

    Defesa de construtora inclui ministro e mais sete políticos como testemunhas

    ALEXANDRE ARAGÃO
    DE SÃO PAULO

    29/01/2015 13h57

    Em defesa apresentada em ação ligada à Operação Lava Jato nesta quinta-feira (29), os advogados que representam a construtora UTC incluíram como testemunhas oito políticos, sendo quatro do PT, um do PSDB, um do DEM, um do PPS e um do Pros.

    Entre os petistas, foram listados como testemunhas o ministro da Defesa, Jaques Wagner, o deputado e candidato à Presidência da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo. Também foi arrolado o atual secretário de Saúde da cidade de São Paulo, José de Filippi Júnior, que atuou como tesoureiro da campanha presidencial do partido em 2006, quando o candidato foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

    Foram chamados, ainda, os deputados federais Paulo Pereira da Silva (SD-SP) —o Paulinho da Força—, Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e Jutahy Júnior (PSDB-BA), além do ex-deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP).

    Zanone Fraissat - 14.nov.2014/Folhapress
    O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, ao chegar à sede da Polícia Federal em São Paulo, em novembro
    O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, ao chegar à sede da Polícia Federal em SP, em novembro

    O presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa —preso na sétima fase da Lava Jato—, foi apontado por um dos delatores como coordenador de um "clube de propina" formado por empreiteiras. O executivo continua detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, desde novembro do ano passado.

    Em entrevista à Folha, o criminalista Alberto Toron, cujo escritório representa Pessoa e a UTC, disse que não há provas contra seu cliente. "Até este momento o Supremo coonestou com uma verdadeira farsa", disse.

    ODEBRECHT E ANDRADE GUTIERREZ

    A defesa da UTC questiona ainda por que as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez não têm denúncia do Ministério Público contra elas e não foram incluídas como rés em ações penais, ao contrário do que ocorreu com as outras empresas investigadas pela Operação Lava Jato.

    "A denúncia sustenta que a dita organização criminosa era constituída, entre outras empreiteiras, pela Odebrecht e Andrade Gutierrez. Ocorre que não se vê nenhum controlador ou mesmo executivo destas empresas no polo passivo desta ação penal", diz trecho do documento.

    "Das duas uma: ou não há prova quanto a estes para colocá-los desde logo no banco dos réus e, portanto, é indevida a referência a tais empresas; ou, se há provas, deve haver, para usarmos um eufemismo, 'particularidades', que as distinguem e que, portanto, 'recomendam' a instauração de ação penal distinta", continua, sugerindo um tratamento diferente a essas empresas.

    Na peça, os advogados da UTC dizem que a situação leva ao cerceamento da defesa de seus clientes.

    TESTEMUNHAS

    Procurados pela Folha, políticos arrolados como testemunhas pela UTC afirmaram conhecer seu Ricardo Pessoa, mas que têm pouco a contribuir com a investigação.

    O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse não manter com Pessoa relações pessoais, nem ver "qualquer sentido em vir a testemunhar" no processo.

    O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) disse que acredita ter sido chamado porque a UTC doou R$ 300 mil a sua campanha em 2014. "Minhas contas foram aprovadas e está tudo registrado no TSE."

    Arnaldo Jardim (PPS-SP), secretário de Agricultura de São Paulo,disse que já esteve com Pessoa três vezes, mas que não tem "o mínimo conhecimento" sobre os negócios dele com a Petrobras.

    O ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT-BA), disse que só se pronunciará quando notificado.

    O ex-ministro Paulo Bernardo (PT-PR), os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Paulinho da Força (SD-SP) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) e o secretário de Saúde da capital paulista, José de Filippi Júnior (PT-SP), não retornaram as ligações.

    Colaboraram GABRIELA TERENZI e MARINA DIAS, de São Paulo

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