Os líderes da Câmara deram início na tarde deste domingo (1º) da reunião que vai definir os espaços dos partidos nos dez cargos do comando da Casa, fora a presidência, que irá a votação no fim do dia.
As escolhas levam em consideração os tamanhos dos blocos fechados pelos partidos. Mesmo com resistências do Planalto, o candidato do PMDB à presidência, Eduardo Cunha (RJ), formou o maior bloco e terá preferências nas indicações. Pelo acerto, a vice-presidência ficará com o PP.
O PP decidiu indicar o deputado Waldir Maranhão (MA) para o posto. Ele foi flagrado em ligações suspeitas com integrantes do esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundos de pensão investigado na operação Miqueias, da Polícia Federal.
Segundo a decisão da Justiça, Maranhão aparece em conversas telefônicas com o doleiro suspeito de comandar o esquema que movimentou R$ 300 milhões em 18 meses. O caso é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O candidato do PMDB se aliou com o PP mesmo o partido tendo garantido o ministério da Integração Nacional na composição do segundo mandato de Dilma Rousseff.
O PP é o partido com maior número de parlamentares citados por investigados na Operação Lava Jato que apura desvio de recursos na Petrobras.
O grupo de Cunha também escolheu a Primeira-Secretaria da Casa, que é considerada a prefeitura da Câmara por conta de decisões administrativas.
Para o posto, será indicado o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP). No ano passado, ele foi condenado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) a pagar indenização de R$ 200 mil por dano moral coletivo.
A punição ocorreu, segundo o processo, em razão da constatação de trabalho escravo e de trabalho infantil em uma fazenda do parlamentar na cidade de Bonópolis, em Goiás. Na época, o deputado negou que houve trabalho escravo.
O caso também é investigado no STF. Pelo arranjo dos partidos, o PSD ficará com a segunda vice-presidência. O partido fechou aliança com o candidato do PT à presidência, Arlindo Chinaglia (SP).
Por ter formado o bloco de partidos com o maior número de deputados, Eduardo Cunha e seus aliados vão comandar a maior parte dos cargos de comando da Câmara. Eles terão direito a pelo menos cinco (ou seis, caso Cunha ganhe a eleição para a presidência da Casa) das 11 vagas.
O bloco formado pelo PT terá direito a três, mas como cedeu a vaga a partidos aliados, o partido da presidente Dilma Rousseff deverá ocupar apenas uma das suplências, que são os cargos menos importantes na mesa diretora da Casa.
O bloco de Júlio Delgado (PSB-MG), que tem o PSDB, ficará com dois cargos.