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    Lava Jato

    Propina em doações ao PT teria sido paga fora do período eleitoral

    GABRIELA TERENZI
    DE SÃO PAULO

    04/02/2015 17h25

    Os "aproximadamente R$ 4 milhões" que o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto teria doado ao PT para ganhar contratos com a Petrobras foram repassados à sigla majoritariamente fora do período eleitoral.

    Levantamento feito pela Folha localizou R$ 3,7 milhões (valor não corrigido pela inflação) repassados pelas empresas de Mendonça Neto –Setec Tecnologia, PEM Engenharia e a SOG Óleo e Gás– à sigla entre 2008 e 2011 nos documentos das prestações de contas anuais do partido, que não incluem as doações a candidatos e comitês eleitorais.

    Esses documentos são repassados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em abril e geralmente têm menos visibilidade que os sistemas de prestação de contas eleitorais.

    Foi por meio das firmas citadas que o empresário repassou dinheiro ao PT, segundo depoimento prestado por ele à Justiça nesta terça-feira (3). Segundo Mendonça, foi o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Renato Duque, quem orientou os pagamentos.

    "Uma época, o diretor Duque pediu para que fizesse contribuições oficiais ao PT e eu as fiz (...). Era decorrente da comissão que eu havia combinado com ele", disse.

    Segundo seu depoimento, a propina a Renato Duque era paga de três formas: em dinheiro, remessas ao exterior e por meio de doações oficiais a partidos políticos.

    A maior parte dessas doações, segundo levantamento da reportagem, foi feita em 2010: R$ 2,1 milhões.

    Nesse mesmo ano, a SOG Óleo e Gás fez algumas doações eleitorais, para candidatos do PT e de outros partidos. Os beneficiados foram Carlos Augusto Alves Santana (PT-RJ), Benedita Souza Da Silva Sampaio (PT-RJ), João Caldas Da Silva (PSDB-AL), Eliseu Lemos Padilha (PMDB-RS), Artur Lorentz (PP-RS), Celso Russomanno (na época, do PP-SP, hoje do PRB) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O total repassado foi de aproximadamente R$ 300 mil.

    Não foram localizadas outras doações eleitorais das três empresas de Mendonça Filho em 2008, 2010 e 2014. Em 2012, houve uma doação de R$ 5.000 da SOG a um candidato a prefeito do PMDB no interior do Rio Grande do Sul.

    Procurada nesta terça (3), a assessoria de imprensa do PT sustentou que todas as doações feitas ao partido são na forma da lei. Segundo a assessoria, em outra ocasião, o executivo disse que não informou ao partido que a doação teria relação com supostos negócios de sua empresa com a Petrobras.

    Editoria de Poder

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