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    Lava Jato

    Após Graça Foster, Sérgio Machado pede demissão da Transpetro

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    05/02/2015 15h22

    Renata Mello/Transpetro
    Sérgio Machado, então presidente da Transpetro, durante cerimônia de inauguração do navio José Alencar
    Sérgio Machado, então presidente da Transpetro, em cerimônia de inauguração do navio José Alencar

    O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entregou sua carta de demissão ao conselho da subsidiária de transportes da Petrobras na tarde desta quinta-feira (5). A demissão definitiva ocorre um dia após a presidente da Petrobras, Graça Foster, e cinco diretores da Petrobras renunciarem aos cargos.

    Ele encaminhou a carta de demissão para Graça Foster, que é presidente do conselho da Transpetro. A Folha havia antecipado às 15h22 que Machado entregaria a carta.

    Apadrinhado de Renan Calheiros, Machado pediu licença do cargo em 3 de novembro por pressão da PwC, empresa que audita os balanços da Petrobras. Ele pediu prorrogação da licença em janeiro e esperou passar a eleição de Renan Calheiros no domingo para se demitir. Peemedebistas foram avisados da renúncia nesta segunda-feira (2).

    Segundo a Folha apurou, Machado manifestou a vontade de pedir demissão antes da eleição de Calheiros, mas foi convencido a permanecer até o final da disputa para não criar novos desgastes ao presidente do Senado.

    A carta de demissão estava prevista para esta terça-feira, mas, diante da situação de Graça Foster, ele resolveu adiar para esta quinta-feira.

    Segundo peemedebistas, a legenda não indicará o substituto.

    Como a Folha revelou, cinco dos sete diretores da estatal não aceitaram o cronograma de troca definido pela presidente da República. Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta-feira (6).

    Em comunicado ao mercado emitido na manhã desta quarta (4), a empresa afirmou que o Conselho de Administração se reunirá na sexta para eleger a nova diretoria.

    Na terça-feira (3), Dilma e Graça se reuniram no Palácio do Planalto para discutir a situação da executiva.

    Graça apresentou as cartas de renúncia dos diretores, mas a presidente argumentou que precisava de tempo para achar substitutos. Ficou definida, então, a saída do grupo até o fim do mês, após a publicação do prejuízo decorrente de corrupção na estatal.

    LAVA JATO

    Há quase um ano, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, descobriu um esquema de desvios de recursos da estatal para beneficiar empresas e políticos. Desde então, a situação financeira da empresa só se agravou.

    A presidente, que até aqui jamais concordara com a renúncia de Graça, passou a considerar na semana passada a demissão da auxiliar.

    Acreditava que a amiga havia perdido as condições de conduzir a empresa durante sua maior crise. Dilma é defensora incondicional do caráter da auxiliar, e lamenta vê-la saindo mesmo sem ser acusada de irregularidades.

    Nos últimos dias, Graça começou apresentar sinais do desgaste emocional provocado por toda a situação vivida. À presidente lamentou muito o fato de seu prédio ter sido cercado por manifestantes, levando sua família a constrangimentos.

    Ela, entretanto, estava disposta a atender o último pedido da chefe de ficar por um pouco mais de tempo. Acabou surpreendida pela recusa dos demais diretores, que não quiseram prolongar ainda mais o que chamaram de processo de "fritura" nos cargos.

    Graça telefonou para Dilma na noite da terça para informar da decisão colegiada.

    SUBSTITUTO

    Dois diretores não assinaram a renúncia coletiva. José Eduardo Dutra, afastado por motivos de saúde, e o diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras, João Elek, recém-empossado no cargo. Dutra já havia manifestado seu desejo de deixar a diretoria após o recrudescimento das denúncias.

    A intenção da Petrobras era só informar sobre a renúncia coletiva na sexta, mas o pedido de explicações feito pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro) sobre reportagem da Folha informando que o Planalto já havia decidido pela substituição de Graça obrigou a diretoria a se pronunciar e a informar a decisão nesta quarta.

    Até a conclusão desta edição, o Palácio do Planalto não tinha a confirmação de um substituto de Graça.

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