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    Lava Jato

    PT considera fazer desagravo a Vaccari em festa da legenda

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA
    CATIA SEABRA
    DE DA ENVIADA A BELO HORIZONTE
    BRUNO BOGHOSSIAN
    DO PAINEL
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    06/02/2015 02h00

    O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirmou a colegas de partido que respondeu a todas as perguntas feitas pela Polícia Federal e que não era necessário que os agentes do órgão fossem até sua casa para levá-lo para depor.

    Em encontro da corrente petista Construindo um Novo Brasil, em Belo Horizonte, Vaccari disse que estava disposto a prestar depoimento se fosse convidado ou intimado, segundo a Folha apurou.

    Ele negou que os policiais tenham pulado o muro de sua casa, embora a PF tenha divulgado vídeo com a cena.

    Disse que, ao descer do piso superior de seu sobrado, na zona sul de São Paulo, se deparou com os agentes. Vaccari relatou ter sido bem tratado pelos policiais.

    Carlos Villalba Racines - 5.fev.2015/Efe
    O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da PF em São Paulo após prestar depoimento
    O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da PF em São Paulo após prestar depoimento

    O comando do PT considera fazer nesta sexta (6) um desagravo público ao tesoureiro na festa de 35 anos da legenda, que será realizada na capital mineira e deve ter a presença da presidente Dilma Rousseff e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

    A expectativa é que a reunião do diretório nacional, promovida antes da festa, também seja marcada por manifestações de solidariedade.

    O partido saiu em defesa do tesoureiro. "Não temos medo. Não aceitamos o estigma da corrupção, somos um partido honesto, que cumpre as leis do país e não vamos aceitar provocação", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão, segundo quem Vaccari "nunca pôs dinheiro no bolso".

    Segundo a Folha apurou, a legenda não considera, pelo menos por enquanto, o afastamento do petista da função de tesoureiro. Na avaliação de um dirigente da sigla, o desligamento, mesmo que temporário, seria cometer um prejulgamento.

    "Não haveria nenhuma razão para não apoiar [Vaccari], já que ele vem cumprindo suas tarefas com correção, transparência e lisura", afirmou Falcão após encontro fechado com o comando estadual do PT de Minas Gerais.

    A aposta de dirigentes é que se repita nesta sexta a defesa feita ao tesoureiro em novembro, durante encontro do partido em Fortaleza.

    Um mês antes, veio à tona que ele havia sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos operadores do esquema de desvios na estatal.

    Com a afirmação do ex-gerente Pedro Barusco de que o PT recebeu até US$ 200 milhões entre 2003 e 2013, com "participação" de Vaccari, o Planalto acredita que as contas da sigla passaram a ser foco das investigações.

    CRÍTICAS

    Na reunião do Diretório Nacional do PT, dirigentes vão cobrar uma reação do governo federal à crise na Petrobras para que então o partido possa defender a presidente.

    A queixa tem sido feita, em conversas reservadas, pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo relatos, ele diz que não é coerente o PT não convocar a executiva nacional e produzir resolução para orientar os militantes.

    Procurada, a assessoria de imprensa de José Dirceu disse que ele não iria comentar.

    O PT também vai criticar a atual política econômica e a derrota da articulação política na Câmara. Os petistas, porém, dizem que não haverá críticas externas à presidente para não constrangê-la.

    Pela primeira vez desde que foi eleito presidente, Lula vai participar da reunião do diretório nacional. Incomodado com o momento político, o ex-presidente autorizou aliados, segundo a Folha apurou, a trabalhar por sua candidatura ao Planalto em 2018, desde que o movimento não seja atribuído a ele.

    A articulação seria uma tentativa de fortalecer o partido num momento em que o governo Dilma é acusado de omissão na defesa do PT.

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