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    Lava Jato

    Ivan Monteiro, vice de finanças do BB, será o diretor financeiro da Petrobras

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    06/02/2015 10h27

    Ivan Monteiro, atual vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil, será o novo diretor financeiro da Petrobras, apurou a Folha. O cargo é chave para enfrentar a atual crise pela qual a petroleira passa.

    Aldemir Bendine, atual presidente da instituição, assumirá nesta sexta-feira como CEO da estatal. Ele terá liberdade para formar equipe.

    As ações da petroleira desabaram mais de 6% após a nomeação de Bendine, repetindo o efeito de baixa que houve no Banco do Brasil quando ele assumiu o cargo à frente da instituição, em 2009. Naquela ocasião, investidores viram a troca como uma interferência do governo na administração do banco.

    Na quarta (4), Graça Foster e outros cinco conselheiros pediram demissão do cargo. O Conselho de Administração da companhia está reunida na manhã desta sexta-feira (6) para escolher os novos nomes da diretoria.

    O conselho é composto por dez pessoas e é presidido por Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda. Ele está no conselho por indicação do acionista controlador, ou seja, o Tesouro Nacional –portanto, o governo. Os demais membros são conselheiros.

    Graça Foster também participa. Confira os membros e quem elegeu cada um para ocupar o cargo:

    • Guido Mantega, eleito pelo acionista controlador
    • Maria das Graças Silva Foster, eleita pelo acionista controlador
    • Luciano Galvão Coutinho, presidente do BNDES, eleito pelo acionista controlador
    • Francisco Roberto de Albuquerque, eleito pelo acionista controlador
    • Márcio Pereira Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, eleito pelo acionista controlador
    • Sérgio Franklin Quintella, eleito pelo acionista controlador
    • Miriam Aparecida Belchior, ex-ministra do Planejamento, eleita pelo acionista controlador
    • José Guimarães Monforte, eleito pelos acionistas preferencialistas
    • Mauro Gentile Rodrigues da Cunha, eleito pelos acionistas minoritários
    • Sílvio Sinedino Pinheiro, eleito pelos empregados

    Dentre todos os problemas da Petrobras, o mais urgente nó a ser desfeito pela nova diretoria da Petrobras é publicação do balanço auditado com o lançamento das perdas decorrentes da corrupção.

    É crucial para a Petrobras ter o balanço auditado por dois motivos: sem o aval da auditora independente PwC (PricewaterhouseCoopers), a estatal fica em risco iminente de perder o grau de investimento para a sua nota de crédito e pode ter parte de sua dívida cobrada imediatamente, antes do vencimento.

    No dia 3 deste mês, a agência de risco Moody's deu 30 dias para a estatal publicar os dados, sob o risco de perder a nota de investimento.

    A Fitch também rebaixou a classificação de risco da Petrobras para o último passo antes de risco especulativo -muitos fundos não aplicam seus recursos em ações e títulos de empresas com essa avaliação.

    RENÚNCIA

    A renúncia coletiva ocorreu após os diretores não aceitarem o cronograma definido por Dilma Rousseff para a mudança na direção da empresa. Dilma queria que eles ficassem até o fim do mês.

    Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta.

    Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.

    O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé."

    Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.

    O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção.

    NOMES

    A troca na presidência da estatal só não havia ocorrido ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster. Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa.

    O Palácio do Planalto procurava um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história.

    Graça Foster defendia um nome que já esteja no Conselho de Administração da estatal, como o de Luciano Coutinho (BNDES).

    Colaborou PAULO MUZZOLON, de São Paulo

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