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    Lava Jato

    Bendine 'cai para cima' e pode não agradar mercado

    DE SÃO PAULO

    06/02/2015 11h10

    Simon Plestenjak - 31.ago.12/Folhapress
    Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster
    Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster

    Praticamente fora do Banco do Brasil desde o final do ano passado, o presidente da instituição Aldemir Bendine, que agora irá presidir a Petrobras em substituição a Graça Foster, trabalhava para permanecer no governo, possivelmente indo para o BNDES ou alguma outra estatal de prestígio.

    Bendine tem trânsito no mercado financeiro, especialmente entre os grandes bancos, mas é considerado mais um político do que um executivo técnico. Tem pouco conhecimento de finanças.

    Por outro lado, preservou a boa governança e uma relativa transparência do Banco do Brasil. Soube se cercar de executivos competentes em áreas importantes como financeira, gestão de recursos, varejo, seguros, cartões, e grandes empresas e investimentos (atacado).

    Coleciona sucessos como a abertura de capital da BB Seguridade, braço de seguros da instituição que levantou R$ 11 bilhões na Bolsa, impulsionou a internacionalização do banco, além da ofensiva na redução dos juros ao consumidor, no início do primeiro mandato do governo Dilma.

    Várias vezes afirmou que a função do banco público não era dar lucro como nas instituições privadas, o que pode lhe custar caro na Petrobras num momento que se espera uma recuperação na credibilidade.

    Após o anúncio de seu nome à frente da estatal, as ações da companhia desabaram mais de 6%.

    Nos últimos meses, Bendine sofreu forte desgaste no governo. Conforme a Folha revelou em outubro do ano passado, durante a gestão de Bendine, o Banco do Brasil concedeu empréstimo a Val Marchiori, socialite e amiga do executivo, no valor de R$ 2,7 milhões a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, contrariando normas internas das duas instituições (entenda o caso).

    Marchiori tinha restrição de crédito por não ter pago empréstimo anterior ao BB e também não apresentava capacidade financeira para obter o financiamento, segundo documentos internos do BB obtidos pela Folha.

    Bendine nega qualquer participação na concessão do empréstimo.

    RECEITA

    A Folha também revelou em agosto do ano passado, que Bendine foi autuado pela Receita federal e teve de pagar multa de R$ 122 mil para se livrar de questionamentos sobre a evolução de seu patrimônio pessoal e um apartamento pago com dinheiro vivo em 2010.

    O executivo foi multado por não comprovar a procedência de aproximadamente R$ 280 mil informados em sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda. Na avaliação da Receita, o valor de seus bens aumentou mais do que seus rendimentos declarados poderiam justificar.

    Bendine entrou no radar da Receita Federal em 2010, quando a Folha mostrou que ele comprara um apartamento no interior de São Paulo pelo valor declarado de R$ 150 mil, pagos integralmente em espécie.

    Ao justificar a legalidade da transação imobiliária, ele informou que declarou à Receita possuir R$ 200 mil em dinheiro vivo em casa, guardados desde 2009.

    Depois de questionar formalmente o executivo, a Receita decidiu multá-lo em novembro de 2012. Ele não contestou a autuação e pagou o auto à vista. Bendine diz que não discutiu com a Receita a origem dos recursos usados na compra do apartamento e diz que o auto de infração resultou de um mero erro em sua declaração à Receita. Mesmo depois de identificar o erro, ele não retificou a declaração.

    MOTORISTA

    O executivo também foi citado em um depoimento do ex-motorista do Banco do Brasil Sebastião Ferreira da Silva, 69, que afirmou ao Ministério Público Federal que fez diversos pagamentos em dinheiro vivo a mando de Bendine.

    O depoimento do motorista, ao qual a Folha teve acesso, gerou a abertura de um procedimento de investigação contra o executivo, em junho do ano passado, por suspeita de lavagem de dinheiro.

    Bendine nega as acusações, classificadas por ele de "absurdas".

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