• Poder

    Saturday, 27-Apr-2024 13:07:23 -03

    Lava Jato

    Conselho da Petrobras aprova Bendine e novos diretores da empresa

    DE SÃO PAULO

    06/02/2015 16h02

    A Petrobras informou que o Conselho de Administração aprovou nesta sexta-feira (6), por maioria, a eleição de Aldemir Bendine para ocupar a presidência da estatal no lugar de Graça Foster, que renunciou ao cargo com outros cinco diretores.

    Segundo a companhia, Graça Foster também deixa o conselho da empresa. Bendine também assume este cargo no lugar da executiva.

    Na reunião desta sexta, também foram escolhidos os novos diretores da Petrobras, todos por maioria de votos.

    Ivan de Souza Monteiro, conforme a Folha antecipou, será diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, no lugar de Almir Guilherme Barbassa.

    Monteiro era vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil desde junho de 2009, onde já havia ocupado cargos de diretor comercial, vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores, além de presidente do conselho de Supervisão da BB AG. É graduado em engenharia eletrônica e telecomunicações pela Inatel-MG, com MBA em finanças e gestão.

    Solange da Silva Guedes, atual gerente-executiva de Exploração e Produção Corporativa, será a nova diretora de Exploração e Produção, em substituição a José Miranda Formigli Filho. Ela é doutora em engenharia de petróleo, com experiência de 30 anos na Petrobras onde já ocupou diversas posições gerenciais, todas relacionadas à área de Exploração e Produção.

    Solange Guedes já havia sido sondada para o lugar ocupado até agora por Formigli, mas perdeu a disputa interna na ocasião, quando Graça assumiu a presidência da estatal, em 2012, e trocou quase toda a diretoria.

    Jorge Celestino Ramos, atual gerente-executivo de Logística do Abastecimento, ocupará a diretoria de Abastecimento em substituição a José Carlos Cosenza. Celestino é formado em engenharia química pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e em engenharia de processamento de petróleo pelo Cenpro, com especialização em tecnologia de produção de álcool pela COPPE/UFRJ e MBA em administração e marketing. Trabalha há 32 anos na Petrobras, onde já ocupou diversas posições gerenciais na área de Abastecimento e na Petrobras Distribuidora.

    Para diretoria de Abastecimento (que controla a parte de refino, distribuição e transporte de combustíveis), o mais cotado era Rubens Silvino, gerente-executivo-corporativo da área. Ele recusou-se a assumir a diretoria interinamente. Na prática, ele é o número dois do diretor demissionário, José Carlos Cosenza. O executivo comandou a Liquigás, subsidiária da Petrobras para distribuição de gás de cozinha. Das grandes áreas de negócio da estatal, foi a única que o segundo nome na hierarquia não assumiu.

    Hugo Repsold Júnior, gerente-executivo de Gás e Energia Corporativo, será diretor de Gás e Energia em substituição a José Alcides Santoro Martins. Repsold é formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal Fluminense, em economia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e é mestre em planejamento energético pelo Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalha há 30 anos na companhia, onde já ocupou diversas posições gerenciais nas áreas de Exploração e Produção, Estratégia e Desempenho Empresarial e Gás e Energia.

    Roberto Moro, hoje gerente-executivo de engenharia para Empreendimentos Submarinos, ocupará a diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais em substituição a José Antônio de Figueiredo. Moro é formado em engenharia mecânica pela Universidade Gama Filho, com especialização em Gerenciamento de Projetos. Trabalha há 33 anos na Petrobras onde já ocupou diversas posições gerenciais na área de Engenharia.

    Simon Plestenjak - 31.ago.12/Folhapress
    Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster
    Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster

    RENÚNCIA

    Bendine e os executivos ocuparão os cargos de Graça Foster e cinco diretores que pediram demissão do cargo, nesta quarta-feira (4).

    Dentre todos os problemas da Petrobras, o mais urgente nó a ser desfeito pela nova diretoria da Petrobras é a publicação do balanço auditado com o lançamento das perdas decorrentes da corrupção.

    É crucial para a Petrobras ter o balanço auditado por dois motivos: sem o aval da auditora independente PwC (PricewaterhouseCoopers), a estatal fica em risco iminente de perder o grau de investimento para a sua nota de crédito e pode ter parte de sua dívida cobrada imediatamente, antes do vencimento.

    No dia 3 deste mês, a agência de risco Moody's deu 30 dias para a estatal publicar os dados, sob o risco de perder a nota de investimento.

    A Fitch também rebaixou a classificação de risco da Petrobras para o último passo antes de risco especulativo -muitos fundos não aplicam seus recursos em ações e títulos de empresas com essa avaliação.

    A renúncia coletiva ocorreu após os diretores não aceitarem o cronograma definido por Dilma Rousseff para a mudança na direção da empresa. Dilma queria que eles ficassem até o fim do mês.

    Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta.

    Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.

    O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé."

    Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.

    O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção.

    DESPEDIDA

    Está prevista para o fim da tarde desta sexta-feira (6) uma cerimônia de despedida da diretoria da estatal que está saída, com a presença do cinco executivos que se rebelaram contra a decisão da presidente Dilma de mantê-los por um mês nos cargos até a escolha de novos nomes para os postos. Após a informação sobre a destituição deles e da presidente Graça Foster, os diretores –todos funcionários de carreira com em torno de 30 anos na Petrobras– aceitaram apenas ficar até esta sexta-feira (6). Graça é esperada ao evento.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024