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    Bendine na Petrobras é improviso e tentativa de blindar PT, diz oposição

    GABRIELA GUERREIRO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    06/02/2015 16h54

    A oposição acusou nesta sexta (6) a presidente Dilma Rousseff de ter escolhido Adelmir Bendine para comandar a Petrobras por não ter encontrado fora do governo nomes dispostos a assumir a estatal.

    Congressistas de PSDB e DEM também afirmam que o objetivo da escolha é blindar o PT e o governo das denúncias de corrupção da empresa.

    "Não tendo conseguido alguém de fora do governo que se dispusesse a ser sócio do maior escândalo de corrupção da história contemporânea do país, restou à presidente buscar dentro do próprio governo o novo presidente da Petrobras", disse o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB.

    Em tom de ironia, o tucano disse que a escolha retrata "à perfeição" o slogan usado por Dilma em sua campanha à reeleição: "governo novo, ideias novas".

    Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) classificou de "decepcionante" a escolha do presidente do Banco do Brasil para chefiar a Petrobras. "Ele não tem conhecimento de um setor extremamente complexo e não possui estofo para levar a Petrobras a um patamar de credibilidade que ela necessita neste momento."

    O deputado lembrou que Bendine chegou a ser demissionário da presidência do Banco do Brasil depois do empréstimo de R$ 2,7 milhões para a socialite Val Marchiori, que tinha restrições de crédito junto ao banco (entenda o caso).

    "Não podemos dizer que é um currículo que o recomende para assumir uma empresa da grandeza da Petrobras", completou Bueno.

    O líder do Democratas na Câmara, Mendonça filho (PE), disse que a escolha foi "improvisada" por ter prevalecido a "conveniência política" sobre a "capacidade técnica" de Bendine. "A Petrobras precisa de um grande nome do mercado externo para sanear e resgatar a credibilidade da empresa", defendeu.

    'SUBSERVIENTE'

    O senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, disse que Bendine é "subserviente" à presidente Dilma, por isso acabou escolhido pela petista. "Bendine é um nome sem prestígio e condições de reerguer a empresa. Ele não tem currículo que o credencia e só está onde está pois sempre foi subordinado a questões políticas", atacou Caiado.

    O presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), reiterou que Dilma fez uma escolha pessoal para blindar o governo no escândalo da Petrobras. "Para substituir a presidente da Petrobras, a exigência maior era escolher alguém da total confiança de Dilma. Ponto. A escolha foi feita."

    O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse que a escolha foi uma "solução caseira" diante das dificuldades em se encontrar um técnico para assumir a função. "Esperava-se um nome com menos ligação com o Palácio do Planalto, mas o governo Dilma está tão desacreditado que se tornou difícil achar alguém que queira fazer parte dele", afirmou.

    Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto. Ele foi escolhido para o cargo na gestão do ex-presidente Lula para reduzir os juros do banco e aumentar o volume de crédito.

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