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    Paulino e Janoni: Opinião pública reflete choque de realidade pós-eleição

    MAURO PAULINO
    DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
    ALESSANDRO JANONI
    DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

    08/02/2015 02h00

    O Datafolha traz hoje a maior taxa de pessimismo quanto à inflação que registrou em mais de 20 anos. Nota-se também recorde negativo na percepção sobre o poder de compra dos salários.

    O cenário se completa pelo índice expressivo dos que esperam alta no desemprego nos próximos meses. O percentual supera, pela primeira vez na era petista, os 60%.

    Dilma Rousseff inicia o segundo mandato com a maior parte da população reprovando seu governo, algo que não acontecia a um presidente desde março de 2000, quando 43% consideravam ruim ou péssima a gestão FHC.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O atual momento, aliás, guarda semelhanças com o início do segundo mandato do tucano. Pesquisa do Datafolha em fevereiro de 1999 mostrava abalo na popularidade de FHC logo após a reeleição, além de um pessimismo crescente na economia.

    Em relação ao desemprego, a taxa dos que esperavam o pior alcançou, na ocasião, 72%. O resultado refletia a política cambial adotada após a vitória nas urnas, iniciativa descartada na campanha.

    Agora, a maioria identifica mentiras no discurso de Dilma na corrida eleitoral.

    A composição polêmica do ministério, alta de preços, apagões e estiagem em áreas populosas são fatores que frustram parcela significativa do eleitorado, inclusive os mais fiéis –no Nordeste, a aprovação da petista caiu de 53% para 29% e a de reprovação subiu de 16% para 36%.

    É compreensível, assim, o fato de 54% julgarem Dilma "falsa" –ante 13% em 2012. Mas o desgaste dos atributos de imagem da petista e do PT guardam correlação também com a repercussão da Operação Lava Jato e de suas consequências para a Petrobras.

    O episódio elevou a corrupção ao patamar de um dos principais problemas do país para os brasileiros, com percentual de menção espontânea próximo ao da saúde e superior ao da segurança.

    Nessa espécie de ressaca democrática que o Brasil vive às vésperas do Carnaval, resta saber o quanto a população absorverá das propostas para remediar a economia e a credibilidade do país.

    A eficiência demonstrada pela equipe de comunicação na campanha de Dilma está posta à prova, agora para reverter o próprio feitiço.

    Editoria de Arte/Folhapress

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