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    Lava Jato

    Para Dirceu, crise pode ser 'pá de cal' na imagem da sigla

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    08/02/2015 02h00

    José Dirceu considera que a Operação Lava Jato, que apura a corrupção na Petrobras e seus braços no mundo político, poderá ser a "pá de cal" na imagem do PT se a sigla que ajudou a fundar em 1980 e que liderou no processo de chegada ao Palácio do Planalto em 2003 não reagir.

    Condenado no processo do mensalão, o ex-ministro tem dito a interlocutores que o partido precisa se defender melhor e reorganizar sua Executiva. Ele defende, contudo, que o presidente Rui Falcão continue à frente do partido.

    A Folha ouviu amigos de Dirceu que o visitaram recentemente na casa que alugou e onde mora, cumprindo pena de prisão domiciliar, com a mulher Simone e a filha de 4 anos do casal.

    Recentemente, um artigo publicado no blog de Dirceu criticava a política econômica adotada por Dilma Rousseff no 2º mandato, o que alimentou a especulação de que ele prepara uma volta à cena política no papel de oposição à presidente.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Condenado no processo do mensalão, o ex-ministro José Dirceu deixa audiência no DF
    Condenado no processo do mensalão, o ex-ministro José Dirceu deixa audiência no DF

    A esses amigos Dirceu nega, com "ênfase", a intenção. "Eu tenho direito a dar minha opinião", disse a um interlocutor em conversa recente. "Não estou fazendo política partidária nem criando nova tendência [no PT]. Muito menos fazendo oposição. Estou expressando minhas opiniões para quem as pede", afirmou.

    Dirceu estima passar a cumprir a pena em regime aberto neste ano. Até lá, ele não irá pedir a revisão criminal do julgamento do mensalão.

    Dirceu acalenta dois planos: casar-se com Simone e publicar seu livro sobre a vida na prisão. A obra não será circunscrita ao tempo na Papuda. Irá incluir seu período preso sob a ditadura nos anos 60, e buscará falar sobre o sistema carcerário.

    O ex-chefe da Casa Civil, condenado a 7 anos e 11 meses de cadeia, deixou a prisão em 2014. Sobre os tempos no cárcere, lembra momentos inusitados, como o dia em que desafiou João Paulo Cunha a matar um rato que circulava pelo pátio da Papuda.

    Ex-presidente da Câmara condenado no mensalão, João Paulo rapidamente pegou uma vassoura e cumpriu a missão sem titubear.

    Para reduzir a pena, o ex-ministro da Casa Civil limpava o pátio da penitenciária e organizava a biblioteca do local. Leu 75 livros e fez resumos para provar a leitura.

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