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    71% dos brasileiros não têm partido de preferência

    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    09/02/2015 02h00

    A percepção de aumento da corrupção combinada à expectativa de piora nas condições de vida deflagrou uma crise de representação no país, evidenciada pelo aumento na rejeição aos partidos políticos.

    A fatia dos brasileiros que dizem não ter um partido de preferência saltou de 61% em dezembro de 2014 para 71% em janeiro deste ano. Trata-se do maior patamar desde o início da série histórica do Datafolha para essa pergunta, em agosto de 1989.

    A rejeição à representação política já tinha dado um salto em junho de 2013 –época dos protestos que pararam o país–, quando passou de 55% para 64%. Desde então, oscilou próxima a esse patamar, mesmo durante a eleição presidencial de 2014.

    O aumento registrado agora foi silencioso, sem novas manifestações abrangentes de rua, mas confirma o desalento da população brasileira, que se refletiu nas respostas a outras perguntas feitas pelo Datafolha, como expectativa em relação ao futuro da economia e da própria situação financeira de cada um.

    Todas indicaram um crescimento do pessimismo. O novo sentimento contrasta com o verificado até o fim do ano passado.

    Três meses e meio após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o apoio da população ao PT recuou para o patamar de dezembro de 1998, pouco antes de o partido ter conseguido tirar do PMDB a preferência do eleitorado. Isso acabou pavimentando o caminho para a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, em sua terceira tentativa.

    Entre dezembro de 2014 e janeiro deste ano, a parcela dos eleitores que dizem, em resposta espontânea, ter o PT como seu partido favorito caiu de 22% para 12%. Na época do mensalão, o nível mais baixo tinha sido de 15%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    SEM BENEFICIÁRIOS

    A queda de apoio ao partido não beneficiou as legendas rivais. Principal sigla de oposição, o PSDB viu sua base de apoio ir de 7% para 5%. Algumas siglas pequenas oscilaram de 0% para 1%, mas o movimento tem sido pendular.

    A dificuldade da oposição em capitalizar a desidratação do PT pode se explicar em parte porque, embora generalizado, o aumento do desalento em relação à sigla foi forte entre seu eleitorado mais fiel.

    Na pesquisa de dezembro de 2014, entre os simpatizantes do PT, 71% consideravam o desempenho do governo ótimo ou bom.

    Agora, esse índice é de 52%. Na via oposta, a fatia dos petistas que avaliam a administração atual como ruim ou péssima quadruplicou, passando de 3% para 12%.

    A queda na avaliação de Dilma foi intensa entre a população de renda baixa e pouca escolaridade.

    Embora permaneça em patamar mais elevado do que nos demais estratos, o recuo da aprovação entre os brasileiros que têm o ensino fundamental despencou de 54% para 31%.

    No recorte dos que têm renda familiar mensal até dois salários mínimos, a queda foi de 50% para 27%.

    Regionalmente, o recuo foi mais marcante no Nordeste com queda na aprovação de 53% para 29%.

    Com isso, o Norte, onde a queda foi de 51% para 34%, ultrapassou o Nordeste como região onde o PT conta com seu maior apoio.

    Os dados foram levantados pelo Datafolha em pesquisa realizada entre os dias 3 e 5 de fevereiro, com base em 4.000 entrevistas feitas em 188 municípios.

    A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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