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    PMDB quer nova regra para eleger deputados

    RANIER BRAGON
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    10/02/2015 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Os presidentes do Senado e da Câmara dos deputados, Renan Calheiros e Eduardo, e o senador Romero Jucá
    Eduardo Cunha (esq.), Renan Calheiros e Romero Jucá chegam para reunião na Câmara

    O PMDB, partido do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), vai apresentar uma proposta fechada de reforma política cujo carro-chefe é o chamado "distritão", modelo que altera a forma como são escolhidos os deputados federais.

    Desde que derrotou o PT e o Palácio do Planalto na disputa pelo comando da Câmara, Cunha colocou a reforma política como sua prioridade inicial e, nesta semana, vai instalar a comissão especial para discutir o tema.

    O "distritão" que será defendido pelo PMDB é uma bandeira antiga do vice-presidente da República, Michel Temer. Cunha também apoia a mudança.

    Pelo modelo, serão eleitos os candidatos a deputado federal mais votados em cada Estado. São Paulo, por exemplo, tem direito a 70 cadeiras na Câmara –logo, seriam eleitos os 70 candidatos mais votados no Estado.

    Pelo sistema atual, nem sempre o mais votado é o eleito. Isso porque os votos válidos (em candidatos ou na legenda) são divididos pelo número de vagas de cada Estado, chegando-se ao chamado quociente eleitoral.

    Se esse quociente for de 100 mil votos, o partido ou a coligação de partidos elegerá deputados a cada 100 mil votos válidos que obtiver. Se atingiu cinco vezes o quociente eleitoral, elege os cinco deputados mais votados do partido ou da coligação.

    Esse sistema é criticado por distorções como a ocorrida na eleição de Enéas Carneiro em 2002. Seu 1,5 milhão de votos levou o nanico Prona a atingir o quociente eleitoral seis vezes, o que levou para a Câmara outros cinco candidatos da legenda. Um deles havia recebido apenas 275 votos.

    O PMDB ainda discute os outros pontos de sua proposta, que será subsidiada por um questionário já respondido por mais de 3.000 dirigentes regionais e filiados.

    A principal polêmica é relacionada ao financiamento das eleições. A maior parte dos peemedebistas que respondeu às perguntas prefere que as doações a candidatos sejam restritas a pessoas físicas ou que seja exclusivamente público. Mas a cúpula do PMDB, Cunha incluído, é a favor de que as empresas, hoje as maiores financiadoras das disputas eleitorais, continuem podendo fazer doações.

    O STF (Supremo Tribunal Federal) caminha para proibir essa possibilidade, mas a Câmara pretende aprovar mudança na Constituição para incluir a doação de empresas antes que o tribunal conclua o julgamento, o que ainda não tem data para acontecer.

    "Do ponto de vista da realidade social e política do país, das ruas, há o entendimento de que esse sistema de financiamento é um estímulo à corrupção", diz o ex-ministro Moreira Franco, que defende mudança no atual modelo.

    Segundo ele, outros pontos que têm amplo apoio entre os peemedebistas são o voto facultativo, o fim da reeleição, a unificação das eleições (de quatro em quatro anos), a restrição a partidos com baixíssimo desempenho nas urnas, fim dos suplentes de senador –na ausência do titular, assumiria o mais votado– e realização de um referendo para ratificar ou não o que o Congresso aprovar sobre o tema.

    Após reunião com Cunha nesta segunda-feira (9), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a reforma política também é prioridade do Senado.

    Editoria de arte/Folhapress
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