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    Lava Jato

    Petrobras quer renovar contrato com auditoria

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    11/02/2015 02h00

    A nova diretoria da Petrobras vai pedir ao Conselho de Administração da empresa que renove, sem licitação, o contrato de auditoria com a PricewaterhouseCoopers por mais dois anos, sob o preço de R$ 47 milhões –reajuste de 147% sobre o valor anterior.

    O pedido será apreciado em reunião do conselho no dia 27. A proposta já havia sido apresentada pela diretoria anterior, sob liderança da ex-presidente Graça Foster, em 27 de janeiro, quando foi avaliado o balanço referente ao terceiro trimestre de 2014.

    A PwC não aprovou as contas da petroleira porque elas não apontavam as baixas necessárias nos valores lançados como investimentos, mas que foram indevidamente usados para propina entre 2004 e 2012, segundo as investigações da Operação Lava Jato. O balanço auditado está atrasado desde 14 de novembro.

    A justificativa da diretoria anterior para renovar o contrato era que "nenhuma outra [empresa de auditoria] toparia assumir a situação agora". A avaliação não é compartilhada por ao menos uma pessoa próxima à administração ouvida pela Folha, para quem deveria haver licitação.

    A PwC audita os balanços da Petrobras desde 2012. Foi contratada para o período de três anos, por R$ 19 milhões, valor considerado baixo –na época, um concorrente pediu mais de R$ 50 milhões. A avaliação é que a consultoria tenta, agora, ajustar o contrato a valores mais próximos ao de mercado.

    DESVIOS

    Em outubro, diante das revelações do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa de que havia um esquema de corrupção na companhia, a PwC determinou à Petrobras que realizasse a baixa da corrupção em seu balanço.

    Após 20 dias de trabalho com as consultorias Deloitte e BNP Paribas, a Petrobras concluiu que seus ativos estavam inflados em R$ 88,6 bilhões, mas, como a conta incluía ainda câmbio, falhas em projetos e ineficiências, optou por não fazer a baixa.

    A divulgação do número contrariou a presidente Dilma Rousseff e resultou no processo que culminou na saída de Graça e de cinco diretores.

    Aldemir Bendine, que assumiu a presidência da Petrobras na segunda (9), precisa chegar a um número crível até 30 de abril, limite para que a estatal envie o balanço auditado à SEC (Securities and Exchange Commission, equivalente à CVM nos EUA).

    Esse é o prazo para que o balanço seja apresentado a credores, sob risco de desencadear o vencimento antecipado de dívidas da estatal. Procuradas, Petrobras e Graça Foster não responderam à Folha. A PwC afirmou não comentar casos de clientes.

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