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    Lava Jato

    Apontado por intermediar R$ 58 mi em propina faz acordo de delação

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    11/02/2015 16h14

    O empresário Shinko Nakandakari, investigado na Operação Lava Jato sob suspeita de intermediar o repasse de propina de empreiteiras em obras da Petrobras, fechou um acordo de delação premiada com procuradores que atuam no caso, segundo a Folha apurou.

    É o 13º suspeito que decide colaborar com a investigação, revelando o que sabe sobre os subornos, em troca de uma pena menor –o princípio básico dos acordos de delação.

    Ele é suspeito de ter intermediado R$ 57,7 milhões em propina, em valores atualizados, segundo outro delator da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.

    A participação de Shinko no esquema de desvios e subornos da Petrobras foi apontada por um alto executivo da Galvão Engenharia, Erton Fonseca, que disse ter pago R$ 5 milhões a ele, conforme a Folha revelou em novembro.

    Ainda segundo o executivo, que preside a divisão industrial da Galvão, o valor foi pedido por Pedro Barusco, que era gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, ocupada à época por Renato Duque.

    De acordo com o executivo da Galvão, Shinko desempenharia um papel similar ao do doleiro Alberto Youssef no repasse de suborno.

    Os advogados da Galvão Engenharia, liderados por José Luis de Oliveira Lima, defendem que a empresa foi vítima de extorsão de funcionários da Petrobras. Se a empresa não pagasse os valores pedidos, segundo Oliveira Lima, estava fora das obras da Petrobras.

    PLANILHA

    Shinko é citado nove vezes como intermediador de propina em uma planilha preparada por Barusco, com os 89 maiores contratos da Petrobras. A tabela traz também o valor da propina, como ela foi dividida entre executivos da Petrobras e o PT.

    Foi por meio da tabela de Barusco que a reportagem da Folha chegou ao valor do suborno que Shinko teria intermediado, de R$ 57,7 milhões.

    Barusco cita na tabela que o contato de Shinko na Galvão era Erton Fonseca.

    A planilha faz parte dos depoimentos que Barusco prestou no âmbito dos acordos de delação premiada em novembro, mas que se tornaram públicos na última semana. Segundo Barusco, o PT ficava com um percentual que variava de 1% a 2% dos valores dos contratos da diretoria de Serviços. O total arrecadado pelo partido, de acordo com ele, seria de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões entre 2003 e 2011.

    Os investigadores da Lava Jato dizem que Duque foi indicado ao cargo de diretor de Serviços pelo PT, o que seus advogados negam enfaticamente. A defesa de Duque também refuta que ele tenha recebido propina.

    Shinko já foi executivo da CBPO e da Odebrecht e já havia sido investigado na CPI do caos aéreo, em 2007. A CPI concluiu que uma empresa de Shinko recebeu por serviços não prestados.

    Colaborou GABRIELA TERENZI, de São Paulo

    Editoria de Arte/Folhapress

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