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    Grupo quer mudar PSDB para entrar na política

    ALEXANDRE ARAGÃO
    DE SÃO PAULO

    15/02/2015 02h00

    Decidido a participar da política partidária em um campo oposto ao do PT, mas sem flertar com personagens que fazem oposição raivosa ao governo federal, um grupo fundado no fim de 2014 sob o nome de Onda Azul tenta mudar o PSDB para fazer uma filiação coletiva à sigla.

    O movimento –que hoje tem ligações com os tucanos, mas é independente– acredita que os partidos atuais estão cada vez mais distantes do eleitorado, muito por falta de coesão ideológica.

    No entanto, defende que o engajamento político dos cidadãos deve ser por meio desses mesmos partidos, por serem a via legítima e precisam, neste caso, ser mudados.

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Membros do movimento Onda Azul têm a intenção de se filiar ao PSDB caso a sigla adote mudanças defendidas pelo grupo
    Membros do movimento Onda Azul têm a intenção de se filiar ao PSDB caso a sigla adote mudanças defendidas pelo grupo

    O grupo divulgou uma carta em que propõe cinco mudanças ao PSDB, como a adoção de prévias escolher candidatos a cargos majoritários.

    O objetivo seria que, caso adotados os princípios propostos, o Onda Azul realizasse um ato de filiação coletiva ao partido. "Há um mercado eleitoral de gente sedenta por ser oposição, mas não uma 'oposição Bolsonaro'", diz Miguel Nicácio, 30, mestre em ciência política pela USP e estudante de direito na FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).

    Referindo-se ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), defensor de causas polêmicas na Câmara, Nicácio explica que se opõe ao governo Dilma Rousseff, mas não a ponto de ser incapaz de reconhecer possíveis avanços ou de abrir diálogo com petistas.

    A posição do integrante é compartilhada pelos outros, mesmo que nem todos tenham votado no senador Aécio Neves (PSDB-MG) para a Presidência no ano passado. Entre os membros do Onda Azul ouvidos pela Folha, havia ainda eleitores de Marina Silva (PSB), Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL).

    As diferenças, porém, não se fazem notar nas ideias. "A gente converge a acreditar na social democracia tal qual tentamos definir na carta", explica o principal organizador do grupo, o economista Humberto Laudares, 35.

    Ele diz que a intenção é abrir o PSDB para participação popular, incentivar a competição interna no partido e criar instrumentos de transparência –para expulsar corruptos, por exemplo–, entre outras medidas. Tudo para que haja mais discussões, tanto na estrutura da sigla como com a sociedade.

    Um dos pontos que todos do grupo procuram ressaltar, diferenciando-se do PSDB, é uma suposta diversidade entre seus integrantes. No entanto, dos 11 membros entrevistados pela Folha, nove têm curso superior e dois são estudantes universitários. A maioria é de homens.

    Por enquanto, o Onda Azul realiza palestras e debates para difundir seus pontos de vista. O professor de engenharia da Universidade Stanford Ram Rajagopal e o filósofo e professor da USP José Arthur Giannotti, entre outros, falaram a integrantes e convidados do movimento.

    Um encontro virou notícia: o senador José Serra (PSDB-SP) contou ao grupo em dezembro ter mudado o plano do trem-bala com a meta deliberada de atrasá-lo. "Enfiei Campinas logo que veio o projeto. Para quê? Para complicar, para ganhar tempo".

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