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    Governo anunciou em jornais inexistentes

    JOÃO CARLOS MAGALHÃES
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    16/02/2015 02h00

    Um relatório feito pela Presidência em 2013 confirma indícios de que o governo federal pagou anúncios em jornais inexistentes no ABC paulista.

    O relatório de auditoria da Secretaria de Controle Interno da Presidência, feito a partir do trabalho da Controladoria-Geral da União, foi instado por texto da Folha, de 2012, e chegou a conclusões parecidas às da reportagem.

    Segundo a auditoria, entre 2008 e 2012, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência pagou R$ 364,6 mil a cinco jornais do Grupo Laujar de Comunicação S/A, de São Bernardo do Campo.

    Os auditores concluíram que os jornais "resumem-se a quatro páginas cada um", com notícias repetidas, cujas "informações e imagens" são "cópias de reportagens de sites de notícias sem atribuição [de] créditos", aspectos que seriam "indícios de fraude".

    Os jornais traziam três anúncios: um da Unimed com números de telefone genéricos; outro sem identificação; e o terceiro, do governo.

    No endereço da sede do grupo, os fiscais encontraram um "sobrado residencial". Os vizinhos do suposto parque gráfico desconheciam a existência de atividades no local.

    Os auditores também visitaram 35 bancas de jornal e contataram outras 21. A única que conhecia um dos títulos investigados, o "Jornal do ABC Paulista", do qual havia recebido dois exemplares para venda naquele dia, fora indicada pelo dono da Laujar.

    O relatório conclui que "os periódicos entregues como prova à Secom foram forjados". A declaração em cartório sobre a tiragem dos jornais, diz o texto, "é falsa".

    Em 2012, a Folha mostrou que a Secom gastara, desde 2011, R$ 135,6 mil para anunciar nesses jornais. Em 2014, revelou que, entre 2004 e 2012, estatais federais pagaram R$ 1,3 milhão à empresa.

    A reportagem, que descrevia os jornais com as mesmas características apontadas no relatório, mostrava que eles não eram vendidos nem tinham registros conhecidos.

    O relatório recomenda que a Secom apure o que aconteceu e tome medidas administrativas. A secretaria afirma que o processo está aberto e espera resultado de uma investigação também em curso feita pela Polícia Federal.

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