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    Obra de mega-aquário no Ceará é paralisada a pedido de construtora

    JOSÉ MARQUES
    DE SÃO PAULO

    19/02/2015 02h04

    Uma das vitrines da gestão do ex-governador Cid Gomes (Pros) no Ceará, a construção do mega-aquário na praia de Iracema, em Fortaleza, foi paralisada por até dois meses.

    A pedido da principal responsável pela obra, a empresa americana ICM Reynolds, o secretário de Turismo do Estado, Arialdo de Mello Pinto, determinou a interrupção das atividades nos canteiros.

    A suspensão foi iniciada no último dia 6 e deve durar até o atual governo analisar queixas protocoladas pela companhia em dezembro, segundo Pinho, ex-chefe da Casa Civil de Gomes, cujo aliado Camilo Santana (PT) foi eleito como sucessor ao governo.

    "A empresa vem alegando que houve erros em medições e que não houve alguns pagamentos", afirma o titular da pasta.

    Ele, porém, não especifica quais os débitos e erros no projeto apontados pela empresa. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a ICM Reynolds.

    Reprodução
    Maquete virtual do Acquario Ceará, projeto da gestão Cid Gomes, que deveria ser inaugurado em janeiro
    Maquete virtual do Acquario Ceará, projeto da gestão Cid Gomes que deveria ser inaugurado em janeiro

    A construção do aquário foi iniciada em 2012 e tinha inauguração prevista para janeiro deste ano, mas o prazo atual para a abertura de portas ao público saltou para o segundo semestre de 2017.

    Atualmente, as obras estão orçadas em cerca de R$ 300 milhões –essa quantia não inclui um estacionamento, ainda sem preço estimado, e uma usina termelétrica exclusiva para alimentar o mega-aquário e que custará R$ 16,2 milhões no total.

    Segundo o portal de transparência do governo do Ceará, já foram pagos R$ 125 milhões às empresas contratadas, sendo R$ 89 milhões para a ICM Reynolds.

    Pinho diz que 65% da estrutura de concreto já está feita, obra que tem como principal responsável a CG Construções, empreiteira que afirma não ter paralisado as atividades. Segundo o secretário, os equipamentos do aquário estão 18% prontos.

    Cid Gomes defendia o projeto, chamado de Acquario Ceará, como meio de atrair turistas o ano inteiro no Estado e inserir Fortaleza "no mapa do mundo".

    "Estou lutando para fazer o aquário, não é pequena a resistência. Acho que é importante para colocar Fortaleza como cidade referencial para o mundo", disse o atual ministro da Educação em 2013, ao responder pergunta da Folha no programa "Roda Viva", da TV Cultura.

    O aquário de 21,5 mil m² e 38 tanques pretende ser o quarto maior do mundo, com 15 milhões de litros de água.

    O governo estima que a atração possa receber até 1,2 milhão de turistas por ano –número próximo ao 1,5 milhão de turistas que se registraram em hotéis em Fortaleza durante o ano de 2011.

    RESISTÊNCIA

    O projeto é criticado desde o anúncio, em 2009. Em 2013, manifestantes acamparam no entorno dos canteiros para impedir o avanço da obra.

    No mesmo ano, a contratação da ICM Reynolds foi questionada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual, por ter sido feita sem licitação. O governo argumentou que a empresa tinha "notória capacitação" para esse tipo de obra.

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