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    Leão Serva: Alckmin erra, mas não causou a crise

    19/02/2015 02h00

    Resposta à pergunta: O governador Alckmin é culpado pela crise hídrica em São Paulo?

    NÃO

    O governador Geraldo Alckmin não é culpado pela crise hídrica que atravessamos, desde logo porque ela é nacional e o Bandeirantes só tem (alguma) influência sobre São Paulo. Dizer que o governo paulista administra mal a questão é "chover no molhado". Mas o fato de que gente bem informada atribua a ele responsabilidades que vão além das suas é prova de que ele também comunica mal.

    A Constituição define a água como competência da União, compartilhada com Estados e municípios. Uma importante causa da seca no Sudeste é a redução de florestas na Amazônia, questão federal que o Planalto nada faz para reverter (só tentou conter a notícia, em 2014).

    Em 2013, quando já se tinha previsão de seca no país, Dilma criou um programa de incentivo ao consumo de energia elétrica (leia-se: gastar mais água). No ano eleitoral, o Planalto fingiu que a "terra da garoa" era o único lugar do Brasil com falta de chuvas: em plena campanha, a Agência Nacional de Águas mandou abrir comportas de reservatórios. Brasília parecia querer secar mais as represas antes da eleição.

    Ilustração/Bel Falleiros

    Nessa hora, o estilo da imprensa paulista, mais crítica do que a dos demais Estados, reforçou a impressão de que o problema era localizado. Enquanto os jornais de São Paulo desde o início de 2014 mostraram reservatórios secando e criticaram o Estado por não restringir consumo, a imprensa nacional só notou a situação semelhante no resto do país depois que a eleição passou.

    Pesquisas mostram que o "apagão" ao fim do governo FHC destruiu a imagem do presidente. A maioria o associou à crise, não à solução, o programa de controle que evitou o caos. Em 2014, quando a oposição a Alckmin cobrou medidas mais rigorosas de restrição, sonhava reduzir sua votação.

    Se existe um administrador com grandeza para correr riscos eleitorais e implantar medidas duras como racionamento de água, ele não atua em governos no Brasil atual, no Planalto ou nos vários Estados onde falta água.

    Nossos políticos preferiram fingir que o problema era restrito a São Paulo, onde o governador, como sempre, agia como chuchu.

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