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    Crise no Paraná engrossa oposição ao governo tucano

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    21/02/2015 02h00

    Poucos meses após ser reeleito no 1º turno e ser cotado como possível presidenciável tucano, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), enfrenta uma crise política e de popularidade. A oposição ao tucano na Assembleia, que oficialmente é de apenas seis parlamentares, engrossou.

    Ao pequeno bloco de opositores agora se somam pelo menos oito deputados que se declaram independentes –inclusive alguns que integravam a base do governo–, como membros do PPS e PSD.

    O número ainda não chega perto da maioria de 38 deputados que Richa tem, mas mostra seu momento de fragilidade: "Definitivamente, trincou o cristal", diz o deputado Requião Filho (PMDB), um dos opositores ao tucano.

    O pivô da crise é a grave situação financeira do Estado.

    Jonas Oliveira - 5.out.2014/Folhapres
    O governador do Paraná, Beto Richa, durante votação
    O governador do Paraná, Beto Richa, durante votação

    Sem dinheiro sequer para pagar a folha, Richa, que na campanha dizia que "o melhor estava por vir", aumentou impostos, atrasou o pagamento de férias e propôs, no início do mês, alterar a previdência e o plano de carreira de servidores.

    Insatisfeitos, milhares protestaram contra o governador, chamando-o de "almofadinha" e "caloteiro". Professores estão em greve desde o dia 9. Na semana passada, invadiram a Assembleia e impediram a votação de novo pacote de cortes.

    Pressionados, aliados do governador agora fazem discursos contrários a ele.

    JOGO

    "Eu já acreditei mais nesse governo", diz Ney Leprevost (PSD), que fez campanha para Richa e hoje se considera independente.

    Para ele, os deputados da base foram colocados numa "saia justa" pelo tucano, que prometeu que a situação econômica seria melhor e, depois, teve que admitir a crise.

    "Ele propôs medidas impopulares e delicadas. Cada um vai pesar o que é mais importante e fazer o cálculo." Para ele, alguns deputados podem preferir "ter as portas escancaradas nas secretarias".

    Leonaldo Paranhos (PSC)afirma que perdeu três indicações de cargos no governo por seu voto contrário, mas diz continuar na base. "Não é porque sou da base que necessariamente voto tudo a favor. O governo errou, e não preciso nem falar. Olha o que aconteceu", referindo-se à invasão. "Ele [Richa] sabe que vai pagar um preço por isso."

    A oposição surfa na onda: deputados do PT são aplaudidos entre manifestantes, enquanto Requião Filho, filho do ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB), posa para selfies.

    O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), reconhece que o momento é difícil: "Muita gente votou contra por outras insatisfações, por não estar acomodada na base". Leprevost, diz ele, quer concorrer à Prefeitura de Curitiba. Este nega ter agido por interesse eleitoral.

    Romanelli acha que Richa tem capacidade política para reverter a situação: "O que um governo que está em crise pode oferecer? Só um cafezinho e um tapinha nas costas".

    Para ele, quem votou com o governo foi motivado não por ambições políticas, mas pelo interesse do Estado, que precisa de medidas duras.

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