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    Rolls-Royce diz que colaboraria com investigação de propina na Petrobras

    DO "FINANCIAL TIMES"

    02/03/2015 11h50

    A Rolls-Royce anunciou que cooperaria com as autoridades brasileiras se estas decidirem levar adiante uma investigação sobre informações de que a companhia teria pago propinas para obter um contrato com a Petrobras.

    Na semana passada, a fabricante inglesa de turbinas anunciou que ainda não foi contatada por investigadores brasileiros, mas acrescentou que "tomaremos todas as medidas necessárias para garantir o cumprimento das normas legais, o que inclui cooperação com as autoridades de qualquer país".

    O ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho acusou a empresa de pagar propinas, por intermédio de um agente, em troca de um contrato para fornecer módulos de geração de energia para as plataformas de petróleo da estatal brasileira.

    A Rolls-Royce afirmou que não está claro a que contratos as imputações se referem.

    Em seus depoimentos, Barusco mencionou diversas pessoas que, segundo ele, atuavam nos bastidores em nome das empreiteiras, acertavam pagamentos, ordenavam transferências ao exterior e entregavam dinheiro em espécie em hotéis e casas no Rio de Janeiro. Cada "operador" agia em nome de uma empreiteira ou de um grupo de empreiteiras. Um desses operadores atuava em nome da Rolls-Royce, disse.

    A Rolls-Royce trabalhou com a Petrobras por mais de uma década –o Brasil é um dos mercados a que ela visa como áreas de rápido crescimento.

    Em seu balanço anual do ano passado, a Rolls-Royce revelou meta de dobrar seu faturamento no Brasil até 2020. Embora o grupo britânico não detalhe em separado seu faturamento no Brasil, as vendas registradas por ele na América Latina foram de 393 milhões de libras (R$ 1,747 bilhão) no ano passado, de um faturamento total de 15,5 bilhões de libras R$ (quase 69 bilhões).

    OUTROS PAÍSES

    As acusações relativas aos contratos com a Petrobras intensificarão o escrutínio que a Rolls-Royce vem sofrendo; a empresa está sob investigação pelo Departamento de Fraudes Graves da polícia britânica por suspeitas de propinas e corrupção na China e Indonésia. O Departamento da Justiça dos Estados Unidos está estudando essas imputações mas ainda não lançou uma investigação formal.

    Nos Estados Unidos, as autoridades iniciaram um inquérito sobre a Rolls-Royce depois de receberem documentos encaminhados pela empresa em dezembro de 2012. Um mês depois, o grupo contratou o lorde Gold, advogado e membro da Câmara dos Lordes pelo Partido Conservador, para ajudá-la a reformular seus procedimentos de fiscalização. O lorde Gold supervisionou a implementação dos novos procedimentos de fiscalização da BASE Systems depois que esta foi multada em US$ 400 milhões pelo Departamento da Justiça norte-americano por mentir sobre pagamentos a intermediários.

    Desde que o lorde Gold foi contratado como consultor, a Rolls-Royce reduziu dramaticamente o número de intermediários que emprega em mercados estrangeiros, ainda que em seu balanço do ano passado ela tenha afirmado que o recurso a esses intermediários continua a ser requerido em alguns países.

    A empresa também criou o posto de diretor de risco e treinamento quanto a risco, e reformulou seus procedimentos de fiscalização e código de conduta.

    Com reportagem de SÃO PAULO

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