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    Lava Jato

    CPI da Petrobras inicia com bate-boca; presidente é chamado de 'moleque'

    AGUIRRE TALENTO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    05/03/2015 11h42

    Em meio a protestos provocados pela condução da sessão da CPI da Petrobras pelo presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), deputados bateram boca e o parlamentar Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chegou a chamar Motta de "coronel" e "moleque", na manhã desta quinta-feira (5).

    Motta, aos 25 anos e em seu segundo mandato, foi alçado à presidência da CPI pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nos bastidores articula uma atuação da comissão para acuar o Palácio do Planalto. A condução dos trabalhos por Motta, porém, foi alvo de críticas por representantes de diversos partidos e chegou a um intenso bate-boca entre os deputados.

    Isso porque os integrantes de algumas legendas na comissão, como PSOL, PPS e PSB, reclamaram que não foram consultados sobre a escolha dos vice-presidentes da comissão, realizada no início da sessão, nem sobre a criação de sub-relatorias da CPI –o que, na prática, vai esvaziar os poderes do PT, que ocupa o cargo de relator com o deputado Luiz Sérgio (RJ).

    O relator conduz a investigação e redige o relatório final, mas as sub-relatorias diminuem esse poder, dividindo-o com outros parlamentares.

    O deputado Afonso Florence (PT-BA) e o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) argumentaram que a indicação dos sub-relatores, pela tradição da Casa, costuma ser feita pelo relator. Motta, porém, rebateu dizendo que o regimento é omisso sobre esse ponto e que ele mesmo faria essa indicação.

    'MOLEQUE'

    Quando Motta foi formar as sub-relatorias e fazer as indicações, parlamentares contrários começaram a gritar. Alguns se levantaram e foram até a mesa, onde sentam os cargos de comando da CPI. Valente começou a discutir com Motta e outro deputado, Edmilson Rodrigues, fez referência ao peemedebista como "moleque".

    Motta se irritou e respondeu aos gritos: "Não admitirei desrespeito de vossas excelências. Quem manda aqui é o presidente, respeitando o regimento. Eu não aceito desrespeito. Vossa excelência me respeite." E completou: "Eu não tenho medo de grito. Da terra de onde eu venho, homem não me grita".

    Parlamentares e servidores foram à mesa esfriar os ânimos, para que pudesse ser retomada a condução da sessão. Outros deputados se queixaram do bate-boca e disseram que o presidente foi desrespeitado.

    Rodrigues posteriormente pediu desculpas e afirmou que a decisão de criar sub-relatorias deveria ser tomada após o relator expor seu plano de trabalho e submetida a plenário.

    "Eu disse 'não amoleque essa CPI', não lhe chamei de 'moleque'. Naquilo que eu achar que é um desrespeito, eu realmente usarei os recursos democráticos, e às vezes o recurso democrático é impedir que uma violência institucional se realize. Me desculpe", afirmou Rodrigues.

    EDUARDO CUNHA

    Após o tumulto, o presidente da Câmara fez questão de comparecer à CPI e saiu em defesa das ações de Motta. Segundo ele, as decisões do aliado têm previsão regimental. Cunha, que tem a prerrogativa de revisar deliberações dos comandos das comissões, disse inclusive que vai bancar o entendimento firmado por Motta.

    "Não há dúvida nenhuma de que a decisão dele será mantida. As pessoas estão acostumadas a achar que no Parlamento tem que ter confusão e ganhar no grito. Temos que fazer o que for correto para a investigação prosseguir", disse. Para o presidente da Casa, as subrelatorias não tiram poder do relator.

    FHC

    O presidente da CPI também rejeitou requerimento do PT que pedia a ampliação do período das investigações para a gestão Fernando Henrique Cardoso. Ele porém, ressaltou, que não há impedimento para estender os trabalhos da CPI a fatos outros que surjam durante a investigação.

    O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), afirmou que a oposição não quer impedir investigações e se comprometeu em apoiar automaticamente apurações sobre a gestão de FHC caso fique comprovado que há conexão com o atual esquema de corrupção.

    O líder do PT, Sibá Machado (AC), fez ainda uma crítica aos vazamentos seletivos "contra qualquer parlamentar".

    Editoria de Arte/Folhapress

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