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    Lava Jato

    PMDB prepara ofensiva contra Procuradoria

    ANDRÉIA SADI
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    07/03/2015 02h00

    Incluídos na lista de investigados da Operação Lava Jato, o comando do Congresso Nacional prepara uma ofensiva casada no Senado e na Câmara contra a Procuradoria-Geral da República, responsável pelos pedidos de inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    O presidente do Senado discutiu com peemedebistas nos últimos dias a criação de uma CPI para investigar o Ministério Público e duas propostas de igual teor na Câmara e no Senado, com objetivo de proibir a recondução do procurador-geral ao cargo.

    Para investigadores da Lava Jato, Renan está usando o poder do cargo para tentar intimidar o Ministério Público e o Palácio do Planalto.

    Desde que soube que seu nome estaria na lista do procurador Rodrigo Janot, Renan subiu o tom contra o MP e o governo. Ele tem dito que o país está à beira de uma crise institucional.

    Tanto o senador quanto Cunha avaliam que Janot só os incluiu na lista de investigados por interferência do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que rechaça a acusação. Como retaliação, parlamentares afirmam nos bastidores que chamarão Cardozo para depor na comissão, assim que ela for criada.

    Esta semana, por exemplo, Renan Calheiros devolveu à presidente da República, Dilma Rousseff, a medida provisória do ajuste fiscal que revia o programa de desonerações da folha de pagamento.

    Na avaliação de integrantes do Executivo, Renan, muito mais acostumado a articulações de bastidores, está dando sinais de desespero. Para esses auxiliares presidenciais, o peemedebista está chantageando, ao mesmo tempo, MP e governo.

    A ideia do comando peemedebista, segundo a Folha apurou, é apresentar uma proposta de emenda à Constituição, antes do fim do mandato de Janot, modificando artigo que permite a recondução do PGR. A proposta entrará em comissão especial. Pelo cronograma da dupla, a emenda iria ao plenário até maio e seria entregue a Renan em julho. O mandato de Janot termina em setembro.

    Para justificar a proposta, os parlamentares afirmam nos bastidores que são críticos à ''dependência'' do procurador em ''servir'' ao Executivo para ter a recondução. Janot poderá ser reconduzido ao posto se a presidente Dilma aceitar a indicação do Ministério Público e o Senado aprovar a sua nomeação.

    Em outra frente, o PMDB quer aprovar proposta de emenda à Constituição que estabelece mandato para ministros do Supremo Tribunal Federal. Renan já indicou a auxiliares de Dilma que não aceitará nomes apoiados por Cardozo para a vaga do ex-ministro Joaquim Barbosa no STF, que a presidente Dilma ainda não preencheu.

    Já Eduardo Cunha tem atuado de forma mais discreta e evita declarações públicas de guerra. Se forem investigados, ambos terão seus sigilos quebrados.

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