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    Lava Jato

    Senador aliado de Aécio é alvo de inquérito

    AGUIRRE TALENTO
    ANDREIA SADI
    CATIA SEABRA
    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    07/03/2015 02h00

    O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) será um dos investigados no STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta participação no esquema de desvio na Petrobras.

    Relator do caso na corte, o ministro Teori Zavaski acatou pedido da Procuradoria-Geral da República com o objetivo de apurar se o tucano recebeu cerca de R$ 1 milhão do doleiro Alberto Youssef.

    Aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o nome do congressista foi citado em novembro, no depoimento do policial federal afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Ele era encarregado de transportar valores a mando de Youssef e afirmou ter levado a quantia para uma pessoa em em Belo Horizonte (MG).

    Na ocasião, os investigadores apresentaram-lhe uma foto de Anastasia, perguntando se a imagem era do destinatário dos recursos. Careca afirmou que "era parecido".

    O policial federal também disse que, posteriormente, constatou que "o candidato que ganhou a eleição em Minas era a pessoa para quem levei o dinheiro", conforme trecho de seu depoimento.

    Youssef, quando ouvido pela força-tarefa da Lava Jato, confirmou ter enviado valores para Belo Horizonte. Não soube dizer, porém, quem seria o beneficiário. Anastasia disse, via assessoria, que só se manifestará após seu advogado analisar o inquérito (leia texto ao lado).

    ARQUIVAMENTO

    Youssef relatou ter informações de que havia um esquema de pagamento de suborno em Furnas entre 1994 e 2001, no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

    Contou que, à época, atuava como operador financeiro do ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010.

    Segundo o doleiro, Janene recebia propina de duas empresas contratadas por Furnas, a empreiteira Camargo Correa, acusada de participar do cartel que atuava na Petrobras, e a Bauruense, que prestava serviços como o de locação de carros à Furnas.

    O doleiro disse que presenciou Janene receber suborno da Bauruense "mais de dez vezes" e que, entre 1996 e "2000 ou 2001", a empresa repassou US$ 100 mil por mês ao PP.

    Referindo-se ao suposto esquema de Furnas, Youssef citou o nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele afirmou que Janene o confidenciou, mais de uma vez, que "dividia uma diretoria de Furnas" com o então deputado Aécio. Disse ainda já ter "ouvido dizer" que o tucano era um dos beneficiários do pagamento de propina.

    O STF arquivou, entretanto, a peça sobre Aécio. A PGR recomendou o arquivamento, por entender que não havia elementos suficientes para abertura de inquérito, baseando-se na fala do doleiro.

    Youssef não soube detalhar, por exemplo, qual diretoria da estatal seria controlada pelo PP e por Aécio. Também não forneceu dados concretos a respeito dos supostos pagamentos.

    Embora relatara ter "ouvido dizer" que uma irmã de Aécio seria a operadora do PSDB junto a Furnas, ele não não reconheceu Andrea Neves, irmã do senador, numa foto apresentada pelos investigadores.

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