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    Lava Jato

    'Tabela de preços' provocava briga no PP, dizem delatores

    AGUIRRE TALENTO
    DIMMI AMORA
    GABRIEL MASCARENHAS
    MÁRCIO FALCÃO
    MARIANA HAUBERT
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    08/03/2015 02h00

    O pagamento de dinheiro desviado da Petrobras a congressistas do PP provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços proporcional à força política de cada um, disse o doleiro Alberto Youssef, em delação.

    O STF acolheu a abertura de inquérito contra 18 deputados e 3 senadores do PP, sigla campeã em investigados.

    Segundo o doleiro, líderes do PP recebiam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por mês, enquanto "demais parlamentares recebiam entre R$ 10 mil e R$ 150 mil conforme sua força política dentro do partido".

    Youssef era o operador do PP na diretoria de Abastecimento, então sob Paulo Roberto Costa. Ele intermediava propina de empreiteiras a Costa. Um percentual ia para o PP.

    O esquema foi montado pelo ex-deputado José Janene e se manteve após sua morte, em 2010. Conforme o doleiro, Janene distribuía os recursos no PP, dando as maiores quantias aos líderes Mário Negromonte (BA), ex-ministro e hoje no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia; João Pizolatti (SC) e Pedro Corrêa (PE), ex-deputados; e Nelson Meurer (PR), deputado.

    Após a morte de Janene, Negromonte é apontado por Youssef como o novo líder do grupo. A entrega de dinheiro a ele chegou a ser feita em seu apartamento funcional, em Brasília, e em sua casa, em Salvador, disse o doleiro.

    Quando o grupo de líderes tomou o comando, passou a sobrar menos dinheiro para os demais, disse Youssef.

    Houve então rebelião de um outro grupo, que tomou o comando –formado pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito Lira (AL) e pelos deputados Arthur Lira (AL), Eduardo da Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro (PB), ex-ministro.

    O novo grupo decidiu afastar o doleiro. "Os parlamentares informaram que não havia mais confiança na pessoa de Youssef em face aos constantes atrasos nos repasses", contou Costa sobre reunião com os pepistas.

    Segundo a Procuradoria, pagamentos eram feitos em espécie, por transferência bancária, depósitos no exterior ou doações de campanha.

    Presidente do PP e falando pelo partido, Nogueira afirma que as declarações de Youssef são "denúncias irresponsáveis". Diz que jamais ouviu falar em propina e que a grande maioria dos quadros da sigla foram citados por supostas irregularidades envolvendo doação de campanha.

    A Folha não localizou os outros parlamentares do PP.

    Editoria de Arte/Folhapress

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