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    Lava Jato

    Papéis da Câmara fortalecem acusação contra peemedebista

    DE BRASÍLIA

    09/03/2015 02h00

    Documentos disponíveis na Câmara fortalecem acusações do doleiro Alberto Youssef contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agora investigado pelo Supremo Tribunal Federal como um dos políticos suspeitos de participação no esquema de corrupção na Petrobras.

    Ele afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que Cunha recebia propina referente a um contrato firmado pela estatal com as empresas Mitsui e Samsung relativo ao aluguel de navio-plataforma.

    O dinheiro, de acordo com Youssef, chegava ao deputado por intermédio do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, suspeito de fazer o elo do PMDB com o esquema.

    Em dado momento, segundo o doleiro, o suborno parou de ser pago. Youssef disse que Cunha, então, escalou parlamentares do PMDB para apresentarem dois requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, com o objetivo de pressionar os controladores da Mitsui.

    Alan Marques - 4.mar.15/Folhapress
    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), citado na lista de indiciáveis na Lava Jato
    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), citado na lista de indiciáveis na Lava Jato

    O caso foi detalhado pelo jornal "O Globo" no domingo (8). Em julho de 2011, a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ), e o deputado Sérgio Britto (PSD-BA), então presidente do colegiado, formalizaram dois pedidos à comissão.

    Num deles, requeriam ao Ministério de Minas e Energia informações detalhadas sobre contratos da Petrobras com a Mitsui. Ao TCU (Tribunal de Contas da União), na outra solicitação, pleiteavam acesso a eventuais auditorias.

    A justificativa do documento remetido ao TCU aponta que "contratos envolvendo a construção, operação e financiamento de plataformas e sondas celebrados com o Grupo Mitsui contém especulações de denúncias".

    Entre as irregularidades, citavam "improbidade, superfaturamento, juros elevados, ausência de licitação".

    O texto cita o cotista Júlio Camargo, representante da Mitsui. Assim como Youssef, ele firmou um acordo de delação premiada e admitiu a participação no esquema.

    OUTRO LADO

    Cunha, em redes sociais, questionou neste domingo por que o Ministério Público não pediu abertura de inquérito contra Solange e Britto. O presidente da Câmara afirmou ainda não ter qualquer relação com os requerimentos apresentados por eles.

    "Simplesmente não fiz qualquer representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares?", escreveu.

    Desde que foi incluído no rol de investigados da Lava Jato, Cunha diz ser vítima de uma orquestração entre governo e Ministério Público. Ele nega irregularidades.

    Britto afirmou que Cunha não lhe pediu nada e que apenas subscreveu os requerimentos para dar força à solicitação. "Fiz isso como fiz com vários outros pedidos", disse.

    Solange Almeida não respondeu às ligações da Folha.

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