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    Lava Jato

    Procuradoria tinha mais motivos para investigar Delcídio Amaral, diz Cunha

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    09/03/2015 13h31

    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou nesta segunda-feira (9) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por não ter instaurado inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS). Ele afirma que havia mais razões para solicitar a investigação contra o petista do que contra ele.

    Janot solicitou a abertura de inquérito contra Cunha, enquanto pediu arquivamento do procedimento sobre Delcídio. O STF (Supremo Tribunal Federal) seguiu as recomendações da procuradoria.

    "O estranho é o procurador não explicar porque ele escolheu quem investigar. Coloquei muito mais razões para ele ter aberto investigação contra o senador Delcídio. Ele escolheu não apresentar o pedido contra ele. O mesmo critério deveria ser para todos. Não está acontecendo isso" disse Cunha, antes de almoço com empresários na Associação Comercial do Rio.

    Depois, o deputado diminuiu o ataque ao senador. "Nada contra o senador Delcídio. Não estou culpando ele de nada. Simplesmente mostrei a incompetência, a diferença de tratamento. Foram dois pesos e duas medidas."

    Cunha afirma que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, envolvido no escândalo, foi indicado pelo senador, que teve pedido de inquérito arquivado.

    O peemedebista voltou a negar qualquer envolvimento nos casos de corrupção na Petrobras. "Tudo já foi colocado por mim. Refuto totalmente todas as acusações. Não posso ser responsabilizado pelos requerimentos de outros parlamentares", disse o presidente da Câmara.

    Cunha negou qualquer contato com o vice-presidente Michel Temer para "acalmar" as críticas contra o governo. "Ninguém está bravo. Não precisa ser amansado", disse ele.

    O doleiro Alberto Youssef vinculou o parlamentar ao suposto recebimento de propinas pagas ao PMDB pelo executivo Julio Camargo em torno de contratos fechados na diretoria internacional da Petrobras para fornecimento de navios-sondas à estatal do petróleo.

    Em depoimento, Youssef afirmou que os pagamentos de Julio Camargo para Eduardo Cunha eram feitos por meio do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, que "representava" Cunha, segundo o doleiro, e também "representava ao PMDB no âmbito da Petrobras, isto é, era o operador do PMDB" tanto quanto o próprio Youssef era "o operador do PP".

    O doleiro afirmou que Baiano fez a "junção" do PMDB, "tanto da Câmara Federal quanto do Senado Federal, com Paulo Roberto Costa", o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

    O dinheiro, segundo o doleiro, era pago pela empresa que venceu os contratos na Petrobras, a Samsung. Após o fechamento dos contratos, porém, a Samsung "suspendeu os pagamentos feitos a Camargo no exterior".

    A PGR mencionou ainda "vultosos valores recebidos por Eduardo Cunha (em princípio como 'doações oficiais') de várias empresas que já se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrupção de parlamentares (especialmente em período prévio às eleições), reiterando-se que uma das formas de pagamento de propinas (anteriormente detalhado) era exatamente a realização de várias doações registradas 'oficialmente' aos diretórios dos partidos (que depois repassavam aos parlamentares)".

    Segundo a PGR, Cunha recebeu em sua campanha R$ 500 mil da construtora Camargo Corrêa na campanha eleitoral de 2010 e o comitê financeiro do PMDB R$ 1,8 milhão na eleição do mesmo ano.

    PEZÃO

    O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), voltou a dizer que está à disposição da Justiça caso seja investigado. O nome dele deve ser enviado esta semana ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por Janot para instauração de inquérito.

    "Estou à disposição. Estou muito tranquilo. Tenho tranquilidade porque não tive nenhum recurso, não pedi e nem estive conversa nenhuma nem com o doutor Paulo Roberto, nem ninguém da Petrobras para pedir ajuda de campanha", disse Pezão.

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