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    Com críticas ao Planalto, petista assume comissão no Senado

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    10/03/2015 12h56

    Com fortes críticas à articulação política do Palácio do Planalto, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi eleito nesta terça (10) presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

    O petista prometeu discutir as medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo federal, assim como chamar ministros para explicá-las aos senadores, mas disse que se o Planalto não melhorar seu diálogo com o Congresso, haverá dificuldades para o governo emplacar o ajuste.

    "Está faltando política. O momento hoje é muito ruim e, sem dúvida nenhuma, esse cenário influencia as votações. () Se não melhorar a coordenação política, vou usar uma frase de um pensador alemão: dê-me uma boa política que eu lhe dou uma boa economia. Sem política, não tem nada não", afirmou o petista.

    Aliado da presidente Dilma Rousseff, Delcídio disse que os congressistas ficam sabendo pelos jornais sobre as medidas adotadas pelo governo, que não são negociadas previamente com o Legislativo. A insatisfação do petista também se replica entre membros do PT e partidos aliado de Dilma, que ameaçam derrubar as medidas do ajuste quando forem analisadas pelo Congresso.

    "O Congresso pode estar em crise, mas é muito forte. Se o Congresso não estiver alinhado pelo menos com pauta mínima construída no diálogo, nós não caminhamos. As medidas do ajuste fiscal ninguém tem dúvidas de que são necessárias, mas tem que conversar com a classe política, preparar a edição dessas medidas provisórias", afirmou.

    Delcídio citou como exemplo a votação do veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda, marcada para esta quarta (11) no plenário do Congresso. O petista disse que não sabia que o governo prepara uma proposta alternativa, a ser apresentada aos deputados e senadores, para evitar a derrubada do veto.

    "Vi nos jornais que vão apresentar uma proposta. Ontem eu conversei com o Renan e ele disse que ia votar o veto dos 6,5%. Ou seja: até ontem à tarde, o presidente do Congresso estava mantendo a votação dos vetos. Hoje abro o jornal e diz que vem uma proposta. Por o governo que não se antecipa?", questionou.

    PETROLÃO

    Delcídio disputou o cargo nos bastidores com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), incluída na lista dos investigados da Operação Lava Jato, mas acabou recebendo o aval do PT para assumir o comando da comissão.

    O nome de Delcídio foi arquivado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e não figurou na lista do "petrolão". O senador foi diretor da Petrobras e nega participação em qualquer irregularidade no esquema de desvio de recursos da estatal.

    "Fez-se justiça e eu tinha absoluta convicção disso. Claro que isso afeta o seu dia a dia, principalmente numa eleição que disputei no Mato Grosso do Sul que foi uma verdadeira carnificina", afirmou.

    O senador disse que os políticos incluídos na lista da Procuradoria Geral da República não podem ser condenados antecipadamente, uma vez que ainda serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal. Ex-presidente da CPI dos Correios do Congresso, Delcídio disse que na época do mensalão as investigações ocorreram previamente antes de serem encaminhadas ao Supremo, o que não ocorreu no petrolão.

    "Temos que ter muito cuidado. Às vezes, você joga uma biografia fora simplesmente porque alguém foi citado. Existem citações nas delações que não conduzem a absolutamente nada. Eu mesmo fui citado, mas as minhas citações são pueris, não têm nenhuma concretude."

    Delcídio já havia presidido a CAE no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Agora, o petista disse que vai priorizar a aprovação de convites para que os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) falem aos senadores sobre as medidas de ajuste fiscal do governo. Na semana que vem, a CAE pretende chamar o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para falar sobre a política econômica.

    Também é prioridade para o petista discutir temas como a reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e a renegociação das dívidas estaduais.

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