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    Bancada evangélica racha após articulação de Feliciano por comissão

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    12/03/2015 02h00

    A eleição para o comando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara provocou um racha na bancada evangélica depois de uma tentativa de acordo ensaiado entre deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e petistas.

    Uma ala dos religiosos ficou incomodada com o entendimento costurado pelo pastor e seus aliados para que ele ocupasse uma das vice-presidências do colegiado, cujo controle é um dos mais desejados pela bancada.

    O acerto, que viabilizaria a eleição do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) na presidência, também previa o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), adversário político do pastor, com outra vice-presidência.

    As vices fazem parte do comando das comissões. O cargo tem relevância porque, na ausência do presidente, o vice assume o posto e pode ditar o ritmo da sessão e até colocar propostas em votação.

    Pedro Ladeira - 11.mar.2015/Folhapress
    Estudante distribui panfleto a favor de Sóstenes Cavalcante
    Estudante distribui panfleto a favor de Sóstenes Cavalcante

    O racha surgiu porque o acordo envolvia Wyllys, desafeto da bancada. As resistências forçaram Feliciano a divulgar nota no início da noite negando qualquer acerto.

    "O PT, através de alguns interlocutores, tentou sem sucesso um acordo", disse ele.

    Antes da reação dos colegas, Feliciano chegou a comemorar o entendimento. A jornalistas, disse que a medida mostrava que havia diálogo no Congresso.

    O deputado do PSC foi responsável pela maior crise envolvendo a comissão ao assumiu a presidência do colegiado, em 2013 –e que, na prática, acabou por torná-lo conhecido nacionalmente.

    Por quase três meses a Câmara enfrentou protestos de movimentos negros, gays e feministas contra o pastor, que protagonizou falas polêmicas contra esses grupos.

    Ele sempre negou qualquer ato de discriminação.

    Mesmo com a pressão, Feliciano permaneceu na presidência e até colocou em discussão o projeto da chamada "cura gay", que permitiria a psicólogos oferecerem tratamento a homossexualidade.

    O texto acabou arquivado após ser alvo de críticas nos protestos de junho de 2013.

    A articulação para um acordo foi construída por deputados do PT, PSB e PR com integrantes da bancada evangélica. Como os religiosos são maioria na comissão, o petista Paulo Pimenta corre o risco de não ser eleito por falta de votos suficientes ou enfrentar manobras regimentais para adiar sua eleição.

    Os líderes que dividiram o comando das comissões da Casa entre os partidos haviam decidido que a de Direitos Humanos caberia a um petista. Os religiosos, porém, defendiam quebrar o acordo e retomar a presidência do grupo.

    CABOS ELEITORAIS

    O deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), aliado do pastor Silas Malafaia e pastor da Assembleia de Deus que teve a candidatura articulada pela bancada, contratou cinco estudantes para distribuírem nas entradas do Congresso nesta quarta (11) um panfleto defendendo seu direito de disputar o cargo.

    De calças justas e maquiadas, as jovens, que receberam ajuda de custo de R$ 70, disseram que foram mobilizadas pela assessoria do deputado e que não eram evangélicas. "Não consegui nada", afirmou ele sobre as manobras.

    Para evitar a quebra do acordo de líderes, o PSD tirou Cavalcante da titularidade da comissão e passou-o para a suplência, o que o impedia de disputar a presidência com candidatura avulsa.

    Cavalcante chegou a negociar uma vaga com o PR para tentar concorrer ao comando, mas a liderança da sigla barrou o acordo.

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