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    Empresários lucram com polarização política

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    15/03/2015 02h00

    No calor das manifestações a favor e contra o governo na última sexta (13) e neste domingo (15), respectivamente, estilistas e marcas de roupas estão lucrando com a vontade da população de expressar seu posicionamento político.

    A frase "vivemos numa ditadura de esquerda", estampada na camiseta da catarinense Vista Direita, foi a escolha, segundo o empresário Carlos Machado, 34, de pelo menos 200 pessoas que estavam em busca de um look para o domingo.

    Caio Cezar/Folhapress
    Os catarinenses Daniel Pecanha (à esq.) e Carlos Machado, da grife 'Vista Direita
    Os catarinenses Daniel Pecanha e Carlos Machado, da grife 'Vista Direita'

    O empresário conta que frases mais incisivas, como "comunismo, matando desde 1917", estão no topo da preferência dos clientes, que pagam R$ 69 por uma peça.

    Segundo Machado, nenhum dos seus compradores procurou referências ao PSDB, mas sim a pensadores, tais quais Friedrich Nietzsche e Margaret Thatcher.

    "A esquerda foi eficiente em se infiltrar no meio artístico para passar a imagem de 'cool'. Nós queremos provar que ser de direita também pode ser 'cool'", diz Machado, que criou a grife com o administrador Daniel Peçanha, 27.

    "Olhe a camiseta com a cara de Che Guevara, por exemplo. Muita gente usa porque ele era boa pinta e a imagem é emblemática. Foi uma ótima estratégia da esquerda."

    Estratégia que faz o comerciante Hamilton Alem, 64, faturar R$ 5 mil por mês com produções de sua grife, a Dom Camisetas.

    Ernesto Rodrigues/Folhapress
    Hamilton Alem vende camiseta em ato de esquerda
    Hamilton Alem vende camiseta em ato de esquerda

    "Com os protestos, sempre aumentamos a nossa produção. Mas as vendas eram melhores quando o PT não estava no governo. Na eleição de 1989, todo mundo comprava, o Lula era a 'coqueluche'. Hoje, ninguém procura as camisetas do partido, é mais pelo posicionamento contra os reacionários da direita", afirma Alem.

    O comerciante disse ter vendido mais de 100 camisetas "de esquerda" para o protesto de sexta (13). Entre elas, uma da personagem Mafalda com um lenço vermelho no rosto. As peças custam R$ 30 e são vendidas em manifestações e pelo site da marca.

    Estilistas como Sergio Kamalakian e Ronaldo Fraga também criaram camisetas de cunho político.

    Kamalakian esgotou em sua loja paulistana 2.000 peças com a frase "A culpa não é minha, eu votei no Aécio".

    Menos direto, Fraga vende camiseta que mostra a bandeira brasileira com o escrito "otimista por um fio".

    Mapa dos protestos de março de 2015; Crédito Rubens Fernando/Editoria de arte/Folhapress

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