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    Análise: Cobertura cobra 'humildade' e governo tenta 'ganhar tempo'

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    16/03/2015 02h00

    Na manchete do site Sensacionalista, no final do domingo de protesto, "Polícia Militar de São Paulo já fala em 7 bilhões de pessoas na avenida Paulista".

    Rede Globo e GloboNews, sem humor e sem qualquer filtro, assim como outras emissoras de TV e rádio e portais, haviam reproduzido –e defendido– ao longo da tarde as estimativas exponenciais da PM paulista.

    O animador Fausto Silva usou ao abrir o "Domingão". Cléber Machado também, durante a transmissão de São Paulo vs. Ponte.

    O narrador anotou, aliás, que "os movimentos que organizam a manifestação concordam com a estimativa dada pela polícia", uma concordância incomum.

    Durante o protesto, ao vivo pelo canal de notícias, os manifestantes fizeram mais –desde cantar "Polícia! Polícia! Polícia!" até posar para fotos com soldados e tanques da Tropa de Choque.

    E não foram só Globo e outros meios nacionais. A agência Reuters espalhou o milhão mundo afora, inclusive "New York Times".

    "NYT" que depois tratou de postar texto próprio, vendo "centenas de milhares" no país todo, sob o enunciado "Raiva borbulha contra presidente brasileira", no alto da home page, com foto.

    O número era cinco vezes menor, no fim das contas, mas foi a maior mobilização em São Paulo desde o movimento das diretas. Comentários e posts nem precisaram recuar do que haviam cobrado ao longo do dia.

    Faustão, em aparente editorial, foi quem resumiu o que foi falado antes e depois: "Serve de alerta para que o governo tome providências, tenha humildade".

    Acrescentou até que o governo poderia "virar o jogo". Entre outros, o comentarista Kennedy Alencar, em entrada ao vivo no SBT, sugeriu resposta semelhante.

    Mas vieram então os dois ministros falar por Dilma Rousseff e, via GloboNews, rádios e sites, não demonstraram "humildade", não no nível que era esperado, ao menos. Resultado, mais um panelaço na cidade, ecoando pelas redes sociais.

    Na reação do canal de notícias, imediatamente depois: "Não vi mudança, qualquer inflexão. Houve reafirmação... O governo não reconhece nenhuma necessidade de correção de rumo".

    José Eduardo Cardoso e Miguel Rossetto até "começaram a entrevista num tom um pouco mais humilde, refletindo o recado da rua", mas teriam voltado atrás.

    Já na CBN, rádio da Globo, Kennedy Alencar foi pela mesma linha, avaliando que a resposta dos ministros, já conhecida e gasta, foi só "para ganhar tempo".

    Editoria de Arte/Folhapress

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