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    Após protestos, Dilma diz estar disposta a 'dialogar com todos, com humildade'

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    16/03/2015 18h09

    Pela primeira vez após as manifestações realizadas em todo o país a favor e contra o governo, a presidente Dilma Rousseff fez pessoalmente a defesa de seu governo e seguindo o discurso já apresentado pelos seus ministros afirmou nesta segunda-feira (16) que está disposta a levar um "diálogo humilde" com todos os setores da sociedade. Dilma disse ainda que o Brasil é um país democrático que se torna cada vez mais "impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso".

    "Um país que, diante de convites a aventuras e a rupturas da normalidade política, escolhe o caminho da democracia, do respeito de todos os princípios constitucionais; um país que, amparado na independência e separação dos poderes, na democracia representativa, na livre manifestação popular nas ruas e nas urnas, se torna cada vez mais impermeável ao preconceito, à intolerância, à violência, ao golpismo e ao retrocesso", afirmou Dilma em discurso em uma cerimônia no Palácio do Planalto.

    A presidente destacou que ouviu com muita atenção as demandas apresentadas nos protestos e está disposta a dialogar com todos os setores da sociedade. "Vamos dialogar com todos, com humildade mas com firmeza. [...] Ouvir é a palavra, dialogar é a ação e o sentimento tem de ser de humildade e firmeza", disse.

    Dilma comemorou ainda que as manifestações em todo o país foram pacíficas e sem casos de violência. "No dia em que celebrávamos 30 anos do retorno à democratização, tivemos nesse dia e na sexta-feira uma inequívoca demonstração de que o país de agora é um país democrático que convive para pacificamente com manifestações, ao contrário de muitos países no resto do mundo", disse.

    Ainda durante o discurso, Dilma confirmou que apresentará nesta semana um pacote de medidas de combate à corrupção e à impunidade, no entanto, ela não detalhou quais serão as medidas apresentadas. Em entrevista após a cerimônia, Dilma afirmou apenas que as propostas são as mesmas que ela já apresentou durante a campanha eleitoral à sua reeleição, em outubro.

    "Nós temos todos aqui absoluta concordância com essa demanda popular de combate à corrupção. [...] Sei que o protagonista dessa reforma é toda a população brasileira mas também sei que o espaço adequado para ela é o Congresso Nacional. Por isso acredito que um amplo debate entre todos os órgãos é crucial", disse.

    Durante o seu discurso, Dilma afirmou ainda que na democracia é preciso respeitar o resultado das urnas e destacou que as ruas são um espaço legítimo para manifestações.

    "Na democracia nós respeitamos as urnas, que traduzem a vontade de toda a nossa nação. Na democracia, nós respeitamos as ruas, um dos legítimos espaços de manifestação popular, pacífica e sem violência. Respeitamos e ouvimos com atenção todas as vozes, de todos os matizes e de todas as tendências. Por isso, o governo sempre irá dialogar com as manifestações das ruas.", disse.

    REDEMOCRATIZAÇÃO

    Ao final de seu discurso, Dilma prestou uma homenagem aos 30 anos da redemocratização do país e a "todos que lutaram contra o regime de exceção e que o combateram em defesa da democracia".

    "Esse tributo é amplo, franco, não faço distinções. Nunca mais no Brasil nós vamos ver pessoas que, ao manifestarem sua opinião, seja contra quem quer que seja, inclusive a Presidência da República, possam sofrer quaisquer consequências", disse.

    Dilma, que participou de grupos de resistência à ditadura, sendo inclusive, presa e torturada, afirmou que, ao assistir aos protestos deste fim de semana, sentiu que "valeu a pena" ter lutado por liberdade e democracia.

    "Ontem quando eu vi, como ocorreu na sexta-feira, centena de milhares de cidadãos e cidadãs se manifestando pelas ruas de várias cidades brasileiras, não pude deixar de pensar e tenho certeza que muitos aqui concordam comigo: valeu a pena lutar pela liberdade, valeu a pena lutar pela democracia. Esse país está mais forte do que nunca", disse.

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