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    Lava Jato

    Tesoureiro do PT pediu R$ 10 mi em forma de doação legal, diz delator

    MARIO CESAR CARVALHO
    FLÁVIO FERREIRA
    DE SÃO PAULO
    FELIPE BACHTOLD
    DE CURITIBA

    16/03/2015 21h22

    O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse em depoimento de sua delação premiada que o tesoureiro do PT, João Vaccari, pediu que a empreiteira pagasse uma propina de cerca de R$ 10 milhões em forma de doação oficial ao partido.

    O episódio, segundo Leite, ocorreu "por volta de 2010".

    O executivo relata que Vaccari "tinha conhecimento" do esquema de suborno que existia na diretoria de Serviços, ocupada por Renato Duque, que foi indicado ao cargo pelo PT, segundo os procuradores da Operação Lava Jato –o partido e Duque negam que tenha havido a indicação. Duque foi preso nesta segunda-feira (16) novamente.

    Leite relata no depoimento que Vaccari abordou-o cobrando propinas que a Camargo Corrêa atrasara o pagamento e sugeriu que a situação fosse acertada por meio de doações ao PT.

    A delação do vice-presidente da Camargo Corrêa ainda não foi homologada pela Justiça, mas o uso da parte referente a Vaccari foi autorizado pelo advogado dele, Marlus Arns, segundo procuradores da Lava Jato. Leite encerrou seus depoimentos na delação na última sexta-feira (13).

    O presidente da empreiteira, Dalton Avancini, também fez um acordo de delação, mas continua depondo.

    Os procuradores da Lava Jato dizem que as doações legais eram uma das formas de pagamento de suborno e são ilegais porque trata-se de uma maneira de lavagem. "Eram repasses de propina disfarçados de doações eleitorais", disse o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa do Ministério Público Federal que atua na Lava Jato.

    O advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse que o tesoureiro "repudia as referências feitas por delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade".

    Segundo nota do advogado, "ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, pois as doações solicitadas pelo sr. Vaccari foram realizadas por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes".

    O PT afirmou que só recebe doações legais, declaradas à Justiça Eleitoral.

    A Camargo Corrêa diz estar colaborando com as investigações da Operação Lava Jato.

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