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    Governador petista de MG vira alvo de aliados e tucanos

    PAULO PEIXOTO
    DE BELO HORIZONTE

    22/03/2015 02h00

    Próximo de completar três meses de gestão, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), vê a lua de mel com aliados e a então relação cordial com o senador tucano Aécio Neves (PSDB) chegarem ao fim.

    Apesar de argumentar que o Estado enfrenta dificuldades econômicas e pedir "compreensão", o petista vem sendo cobrado por funcionários públicos e empresários que querem, respectivamente, os reajustes prometidos e as dívidas de obras pagas.

    Como ainda não conseguiu aprovar o Orçamento de 2015 no Legislativo, o governo teve de suspender obras e pagamentos. Donos de construtoras, por exemplo, cobram pela imprensa um débito de R$ 500 milhões.

    "Encontramos uma situação difícil do ponto de vista financeiro, orçamentário e também do ponto de vista de gestão. A gestão dos anos anteriores deixou muito a desejar", afirmou Pimentel.

    Henrique Chendes - 01.jan.2015/Divulgação
    O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, durante entrevista coletiva na Assembleia Legislativa, em janeiro
    O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, durante entrevista coletiva na Assembleia Legislativa, em janeiro

    O fato de ele culpar a herança recebida das gestões anteriores levou Aécio, que governou Minas por oito anos e elegeu seu sucessor, Antonio Anastasia (PSDB), a deixar de lado a sua boa relação com o petista e reagir.

    Menina dos olhos do PSDB mineiro, o "choque de gestão", conjunto de medidas tomadas pelos governos tucanos para organizar as finanças e os programas do Estado, foi defendido por Aécio.

    "Chega a ser patético esse discurso. Eu desejo que o governador Pimentel comece a governar, está na hora de parar de choramingar. Setores do PT vêm com esse discurso de [que a] responsabilidade [é] sempre dos governos anteriores", afirmou o senador.

    "Minas Gerais foi um dos poucos Estados que passou para o sucessor o Estado cumprindo todos os seus compromissos", completou o tucano.

    Pimentel prometeu para os próximos dias um "balanço geral" da herança tucana, mas seu discurso não tem conseguido aplacar nem as críticas de aliados de primeira hora do PT, como o sindicato dos servidores da educação (Sind-UTE) e a CUT-MG.

    As duas entidades são presididas por Beatriz Cerqueira, que começou acusando o governo, nas redes sociais, de "loteamento" na educação, "como fazia o PSDB". A crítica já chegou às rádios, em forma de publicidade.

    Cerqueira diz que o PT pratica o "neocoronelismo" e que a gestão está "comprando a sua governabilidade".

    O sindicato dos servidores cobra o pagamento do piso nacional de salários e a recomposição da carreira. Assembleia e paralisação estão marcadas para o dia 31.

    Segundo o governo, não será possível pagar o piso nacional à categoria neste ano. Foi oferecido abono de R$ 160 a ser pago até abril de 2016.

    A classe médica também pressiona por reajuste e melhoria das condições de trabalho –Pimentel cancelou um aumento de 5% concedido pelo governo anterior e diz que vai negociar caso a caso.

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