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    Lula passa a orientar bancada petista

    GABRIEL MASCARENHAS
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    22/03/2015 02h00

    Incomodado com o esgarçamento da relação do governo com o Congresso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem articulando diretamente com lideranças petistas de Câmara e Senado.

    De janeiro para cá, ele intensificou os contatos e passou a dar orientações diretamente a correligionários.

    A articulação política do Palácio do Planalto tem sido duramente criticada pela base aliada. Os principais alvos da insatisfação são os ministros da Relações Institucionais, Pepe Vargas, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

    Na tentativa de aparar arestas com o Parlamento, Lula convenceu a presidente Dilma Rousseff a incluir outros nomes na coordenação de governo. Pressionou, até conseguir, a inclusão do vice Michel Temer (PMDB) no núcleo duro. Eduardo Braga (PMDB), ministro de Minas e Energia, e Gilberto Kassab (PSD), das Cidades, também foram admitidos no grupo.

    Petistas já defendem a ida de Jaques Wagner (Defesa), considerado um articulador mais habilidoso que Mercadante, para a Casa Civil.

    Apesar da ideia, Dilma não permite nem sequer que auxiliares tratem do tema.

    Lula, que passou a reunir-se com mais frequência com Dilma nas últimas semanas da crise, tem pedido a parlamentares petistas que orientem a bancada a defender o governo nas tribunas.

    Embora crítico de diversos atos da sucessora, o ex-presidente argumenta que a base aliada, sobretudo o PT, não pode silenciar diante de ataques oposicionistas.

    Na terça (17), dois dias após os protestos contra o governo e o PT em diversas capitais do país, Lula recebeu deputados e senadores em reuniões num hotel de Brasília.

    Ele alertou os parlamentares sobre os riscos de considerar as manifestações meros atos oposicionistas.

    Argumentou que a massa nas ruas não era formada só por eleitores tucanos e defendeu que o governo não pode ficar estático diante do claro recado de parcela significativa do eleitorado –confirmado por pesquisa Datafolha divulgada na quarta (18) apontando 62% de descontentamento com o governo.

    "Ele disse que o governo tem que anunciar medidas, como resposta, e explicar à população por que elas estão sendo tomadas", exemplificou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), um dos participantes do encontro.

    Uarlen Valerio - 6.fev.2015/AFP
    O ex-presidente Lula durante evento do PT, em fevereiro
    O ex-presidente Lula durante evento do PT, em fevereiro

    FALA MENOS, DILMA

    Lula tem comentado que não pode caber à Dilma ir a público falar sobre a Petrobras, corrupção e impeachment, como ela tem feito. Ele, aliás, recomendou que a palavra impeachment sequer saísse da boca da sucessora.

    Para o ex-presidente, essa função dever ficar a cargo do presidente da estatal e de outros personagens do governo, como José Eduardo Cardozo (Justiça), que efetivamente vem sendo escalado para rebater críticas ao Planalto.

    Em reunião no Palácio da Alvorada, Lula reprovou o pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, há duas semanas. E até ironizou o formato hermético, pouco político, do discurso em homenagem ao dia da mulher.

    "Procurei a palavra feminicídio no dicionário e não encontrei", disse ele, segundo relatos. O comentário visava ilustrar o quão inadequado era pronunciamento.

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