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    Lava Jato

    Acusado por Youssef, senador confirma que pediu 'ajuda' ao PP

    AGUIRRE TALENTO
    GABRIELA GUERREIRO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    23/03/2015 12h01

    Marcos Oliveira/Agência Senado
    O senador Benedito Lira (PP-AL), alvo de inquérito no STF no âmbito da Operação Lava Jato
    O senador Benedito Lira (PP-AL), alvo de inquérito no STF no âmbito da Operação Lava Jato

    Apontado como beneficiário do esquema de propinas na Petrobras, o senador Benedito Lira (PP-AL) confirmou à Folha parte do relato feito pelo doleiro Alberto Youssef, de que ele teria repassado doações da empresa UTC ao senador após pleito de Benedito junto ao PP.

    Benedito admite que pediu socorro à legenda e que essa seria a origem dos R$ 400 mil doados pela Constran, empresa do grupo UTC, à sua campanha ao Senado em 2010. Nega, porém, reunião ou contato com Youssef. Sustenta que a doação foi legal e intermediada pelo partido.

    Benedito Lira e seu filho, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), são alvo de inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) decorrentes da Operação Lava Jato.

    O relato do senador é semelhante ao de Youssef, com a exceção de que ele nega ter estado com o doleiro.

    Em sua delação premiada, Youssef relatou que participou de uma reunião da cúpula do PP em 2010 na qual os líderes do partido pediram dinheiro para a campanha de Benedito Lira ao Senado.

    Naquele ano, o partido era comandado pelo ex-deputado José Janene, que morreu em setembro de 2010.

    Segundo Youssef, depois do pedido ele viabilizou repasses do grupo UTC por meio de doação oficial. A empresa é apontada pelas investigações da Lava Jato como integrante de um cartel que pagava propina a funcionários da Petrobras para obter contratos com a estatal. Youssef é apontado como o operador dessa propina para o PP.

    O senador disse não saber como o partido providenciou a doação para sua campanha.

    "Eu não pedi a ninguém. O meu partido foi que pediu. Na minha eleição de 2010, eu estive com o partido e disse: 'gostaria que vocês me dessem uma ajuda pra minha campanha'. E o partido então viabilizou uma doação oficial", afirmou.

    Ele não deu detalhes sobre a reunião e afirma que não tinha relação próxima com os integrantes do PP. "Agora aparece um fora da lei para tentar me incriminar. O que eu recebi na minha campanha foi doação legal."

    "Eu não tive contato com esse cidadão [Youssef] em lugar nenhum", disse.

    Ele afirma que nunca recebeu dinheiro de Youssef e que seus acusadores vão "sair como mentirosos". "A minha origem é de menino pobre. alcancei os espaços políticos pela minha credibilidade."

    VISITAS AO ESCRITÓRIO

    Seu filho, Arthur Lira, foi flagrado em câmeras de segurança indo ao escritório de Youssef em São Paulo em 2011, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República). Benedito Lira, porém, afirma que o filho não lhe explicou a razão das visitas.

    "Meu filho disse que foi pra lá, e não me disse pra que foi, que ele vai dizer pra onde foi e o que foi fazer lá quando for na hora necessária", afirmou.

    Na semana passada, Lira admitiu à imprensa que esteve no prédio onde funciona o escritório de uma das empresas de Youssef, mas afirmou que foi para outro destino lá. Disse que só explicaria o local para onde foi na Justiça.

    Procurada, a assessoria do grupo UTC afirmou que todas as doações eleitorais são feitas respeitando a legislação.

    Editoria de arte/Folhapress

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