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    Divergências ameaçam reforma política, e Temer entra na negociação

    MÁRCIO FALCÃO
    RANIER BRAGON
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    24/03/2015 17h03

    Sob ameaça de que divergências sobre temas da reforma política possam dificultar a aprovação de mudanças no sistema eleitoral, o comando da comissão que discute a matéria na Câmara dos Deputados fez um apelo nesta terça-feira (24) ao vice-presidente da República, Michel Temer.

    Numa reunião no Palácio do Jaburu, residência do vice, os deputados pediram que Temer assuma a articulação da reforma com os presidentes de partidos da base aliada e da oposição para tentar construir um consenso. Nesta tarde, Temer deve se reunir com o presidente do PT, Rui Falcão, para tratar da proposta.

    Governistas e oposição não se entendem sobre os principais pontos, característica que acompanha o tema desde o início da tramitação da principal proposta, em 2001.

    Relator da reforma política, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) afirmou que Temer é a pessoa mais habilitada politicamente para tentar costurar pontos de consenso. O peemedebista reconheceu que há dificuldades para a aprovação de uma proposta diante das reivindicações de cada partido.

    Há divisão em pontos centrais. O PT, por exemplo, defende o financiamento público exclusivo para campanhas e a adoção de votação em listas fechadas de candidatos preestabelecidas pelos partidos, não em candidatos individuais, como hoje.

    'DISTRITÃO'

    A cúpula do PMDB trabalha para que as empresas -hoje as maiores financiadoras das disputas eleitorais- continuem podendo fazer doações. Os peemedebistas querem incluir ainda o chamado "distritão", modelo que altera a forma como são escolhidos os deputados federais.

    Nesse modelo, bandeira antiga de Temer, são eleitos os candidatos a deputado federal mais votados em cada Estado. São Paulo, por exemplo, tem direito a 70 cadeiras na Câmara -logo, seriam eleitos os 70 candidatos mais votados no Estado.

    Atualmente, nem sempre o mais votado é o eleito. Isso porque os votos válidos (em candidatos ou na legenda) são divididos pelo número de vagas de cada Estado, chegando-se ao chamado quociente eleitoral.

    "O Michel defende o distritão. O Lula [ex-presidente] e o PT defendem lista fechada e financiamento público. O PSD parece que quer o distritão. Precisa chegar a um entendimento. Quem quiser marcar posição forte, pode, mas não vamos aprovar nada. O PT pode até bater o pé, mas vai morrer defendendo. Só votamos se tiver entendimento. ", afirmou Castro.

    Segundo o relator, até agora, a maioria da comissão já fechou questão pelo fim das coligações -impedindo partidos políticos de formar coligações nas eleições para a Câmara dos Deputados, Assembleias e Câmaras de Vereadores- e a coincidência de todas as eleições no mesmo ano.

    Hoje, numa diferença de dois anos, são realizadas eleições gerais e municipais.

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