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    Após saída de Traumann, PT quer emplacar aliado na comunicação

    NATUZA NERY
    JOÃO CARLOS MAGALHÃES
    DE BRASÍLIA

    26/03/2015 02h00

    O PT se mobiliza para ocupar a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República após o jornalista Thomas Traumann, 47, deixar o ministério nesta quarta-feira (25). Por trás da movimentação está o interesse no controle direto de uma verba publicitária próxima a R$ 200 milhões ao ano.

    Segundo a Folha apurou, a presidente Dilma Rousseff ainda busca um substituto para o comando da pasta, mas pretende manter os gastos com órgãos de mídia sob a guarda da Secom, secretaria que tem status de ministério e também cuida da relação do governo com a imprensa e de sua comunicação interna e externa.

    O PT defende que os veículos ideologicamente identificados com a legenda recebam mais recursos federais em detrimento dos órgãos tradicionais de imprensa.

    A saída de Traumann foi precipitada pelo vazamento de um texto no qual afirma que a política de comunicação do governo era "errada e errática". Nele, também constatava o "caos político" vivido pelo Palácio do Planalto.

    Ministro desde 3 de fevereiro de 2014, Traumann havia pedido demissão em novembro por razões pessoais, mas seguiu no posto a pedido da presidente Dilma.

    A divulgação do documento revelou uma rara autocrítica do Executivo e, em razão disso, o ministro se enfraqueceu no cargo. À presidente, disse que seu dever era protegê-la, não expô-la, por isso formalizava sua demissão.

    O vazamento do conteúdo interno motivou convites para Traumann explicar, no Congresso, declarações feitas no documento enviado a ministros e petistas.

    O texto diz que, após a campanha eleitoral do ano passado, "robôs" usados para multiplicar, artificialmente, mensagens nas redes sociais foram desligados do lado petista e mantidos em funcionamento pelos adversários do PSDB.

    Alan Marques -19.dez.2014/Folhapress
    O ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann
    O ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann

    Dilma não decidiu se optará por um político petista ou se nomeará um "jornalista de peso" para o cargo. O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), segundo a Folha apurou, quer um político.

    O deputado petista Alessandro Molon (RJ) chegou a ser citado nos últimos dias como possível ministro.

    Após a saída de Traumann, porém, seu nome passou a ser "fritado" pelos próprios correligionários. Colegas afirmam que ele é da corrente petista minoritária denominada "Mensagem", já representada na Esplanada.

    O presidente da sigla, Rui Falcão, nega qualquer disputa com a corrente majoritária do partido, denominada "Construindo um Novo Brasil", e afirma que a escolha será da presidente.

    "O que nós temos interesse é por uma política de comunicação que garanta pluralidade, que amplie a liberdade de expressão e que combata o pensamento único na mídia", ponderou o presidente do PT à Folha.

    Inicialmente, petistas queriam transferir o controle da verba publicitária para o Ministério das Comunicações, comandado por Ricardo Berzoini (PT-SP).

    O ministro é responsável por conduzir o polêmico debate sobre a regulação da mídia, bandeira do PT. Um dos pontos dessa reforma é o fim da propriedade cruzada, com os grupos de mídia ficando impedidos de possuir, ao mesmo tempo, TV, jornal impresso e rádio.

    No microblog Twitter, Traumann postou trechos da música "Novos Rumos", de Paulinho da Viola, para definir sua despedida da Secom. "Vou imprimir novos rumos / Ao barco agitado que foi minha vida."

    Nos relatórios que escrevia, era comum o uso de citações poéticas e literárias.

    Twitter de Thomas Traumann

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