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    Lava Jato

    Presidente da Camargo Corrêa deixa a prisão após fazer delação

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    30/03/2015 13h56

    O presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Dalton Avancini, deixou a prisão na manhã desta segunda-feira (30) após ter o seu acordo de delação premiada homologado pela Justiça Federal do Paraná e já está em casa. Ele irá cumprir prisão domiciliar agora e terá de usar tornozeleira eletrônica.

    "É o fim de um tormento", disse o advogado Pierpaolo Botini, que defende o presidente da Camargo Corrêa, após deixar o executivo em casa, por volta das 15h desta segunda.

    Avancini estava preso desde 14 de novembro, quando a Operação Lava Jato mandou para a prisão executivos de empreiteiras como a OAS, Mendes Junior e Galvão Engenharia.

    Ele deve prestar novos depoimentos aos promotores para aprofundar questões que foram reveladas no acordo. Entre outras questões, relatadas em 11 interrogatórios, ele reconheceu que houve pagamento de suborno em obras da Petrobras e que as empreiteiras agiam em forma de cartel -combinavam entre si quem ficaria com as licitações da estatal.

    Avancini confessou que houve suborno na hidrelétrica de Belo Monte e na usina nuclear de Angra 3. Como era o presidente da empresa, não era o Avancini quem operacionalizava os pagamentos ilícitos, mas ele disse que sabia desses pagamentos.

    O presidente da Camargo e um dos vices, Eduardo Leite, decidiram fazer o acordo no dia 28 de fevereiro. Leite havia deixado a prisão na terça-feira da semana passada. Ambos prometeram revelar o que sabem sobre corrupção na Petrobras e outras empresas públicas em troca de uma pena menor e aceitaram pagar R$ 7,5 milhões de multa -R$ 5 milhões para Leite e R$ 2,5 milhões para Avancini.

    Eles revelaram quem eram os executivos da empresa que cuidavam do pagamento de suborno. O teor dos depoimentos, no entanto, continua em sigilo.

    VACCARI NETO

    Num trecho de um dos depoimentos de Leite que os procuradores tornaram público, o vice-presidente diz que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, sabia do esquema de pagamento de propina na diretoria de Serviços da Petrobras.

    Ainda de acordo com Leite, Vaccari teria dito a ele que sabia que a Camargo Corrêa atrasara o pagamento de R$ 10 milhões em propina e sugeriu que o valor fosse depositado como doação oficial ao partido.

    O advogado do tesoureiro, Luiz Flávio Borges D'Urso, refutou de forma veemente que seu cliente soubesse das irregularidades na Petrobras e negou que ele tenha pedido que o suborno fosse pago por meio de contribuição oficial.

    O PT repete em sucessivas notas que o partido só aceita contribuições legais, que são declaradas para a Justiça eleitoral.

    Vinicius Oliveira - 22.nov.2010/Folhapress
    Dalton Avancini, presidente da construtora Camargo Corrêa, um dos três executivos da empresa presos desde novembro
    Dalton Avancini, presidente da construtora Camargo Corrêa, estava preso desde novembro

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