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    Lula reconhece que foram cometidos 'equívocos' na política tarifária

    CATIA SEABRA
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    31/03/2015 23h29

    Ernesto Rodrigues/Folhapress
    Lula participa de evento com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, (com a mao levantada)
    Lula participa de evento com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, (com a mao levantada)

    Em resposta às críticas das centrais sindicais à condução da economia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta terça-feira (31) que o governo petista cometeu "equívocos" em sua política tarifária.

    Ao discursar para uma plateia de representantes de movimento sociais, ele afirmou que o governo federal não reajustou antes o preço da gasolina por temer que o aumento pressionasse a inflação do país.

    Ainda segundo ele, ao ter reduzido a conta de luz em 2013, a presidente Dilma Rousseff não esperava que o país enfrentasse uma estiagem de chuvas que impactasse o fornecimento de energia.

    Para os partidos de oposição, a demora no reajuste da gasolina afetou negativamente as contas da Petrobras.

    "Nós, e é importante eu também assumir e cada um de nós assumir, cometemos equívocos. Por que não se aumentou a gasolina desde 2012? Porque não queria que a inflação subisse", explicou.

    O petista observou que atualmente há uma "conjuntura altamente desfavorável" no país e que há fatores econômicos que não dependem apenas da presidente.

    "Nós temos de ter certeza de que esse aumento da energia foi necessário por conta dessa situação. Não tenho dúvida de que, quando as coisas melhorarem, a presidente vai reajustar outra vez [o preço] favorável ao povo brasileiro", justificou.

    Na avaliação do petista, o ajuste fiscal implementado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é necessário. Segundo ele, no cenário econômico atual, a presidente precisava "dar uma parada".

    "Fiz um ajuste mais forte do que esse em 2003. Fiz um ajuste necessário", lembrou.

    O tom adotado pelo petista foi uma reação a discurso, feito anteriormente, pelo presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas. Segundo ele, o ajuste fiscal do governo não "vai levar o Brasil à frente".

    "Há insatisfação na classe trabalhadora. Não vamos aceitar que o aumento da conta de luz e o 'tarifaço' recaiam na nossa conta", reclamou, acrescentando que, sem mudança na política econômica, o trabalhador ficará "bravo" e não defenderá o governo federal.

    Os discursos foram feitos em ato em defesa da democracia e da Petrobras, alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli participou e até ganhou elogios públicos de Lula.

    "Tenho orgulho de ter sido o presidente que te indicou tesoureiro e presidente da Petrobras", disse Lula dirigindo-se a Gabrielli, que é citado numa ação movida nos Estados Unidos.

    "Quero saber se alguém terá coragem de dizer que esse moço aqui ou que o José Eduardo Dutra, que também foi presidente, está envolvido com corrupção", desafiou.

    O petista criticou ainda a credibilidade que se dá ao beneficiados no estatuto da delação premiada. Segundo ele, estão transformado "bandido" em "herói".

    Ele disse ainda que Dilma é vítima de "uma luta de classe de cima para baixo".

    "Não temos problema com o andar de cima. Não queremos perturbar os do andar de cima, mas não perturbem a gente."

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