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    Lava Jato

    Réu da Lava Jato quer buscar provas de pagamentos da Odebrecht no exterior

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    01/04/2015 18h58

    Réu na Operação Lava Jato sob acusação de ter emprestado contas para o doleiro Alberto Youssef enviar recursos para fora do país, o empresário Leonardo Meirelles pediu autorização à Justiça para ir à China e a Hong Kong buscar provas sobre remessas ordenadas por empreiteiras.

    Um dos objetivos da viagem, segundo a Folha apurou, é tentar encontrar comprovantes de que a Odebrecht pagou propina fora do país para conseguir contratos na Petrobras.

    Meirelles é réu confesso na Lava Jato, não fez um acordo de delação premiada, mas vem contribuindo com a investigação com o objetivo de ter uma pena menor.

    Em depoimento à Justiça na última terça-feira (31), o doleiro Alberto Youssef disse que a Odebrecht pagava propina fora do Brasil e usava uma empresa do Panamá chamada Constructora del Sur S/A para fazer as remessas para contas que ele controlava fora do Brasil.

    Youssef disse que recebeu dinheiro da Odebrecht em seu escritório para pagar suborno e que em um dos casos a propina foi paga pela OAS, integrante de um consórcio junto com a empreiteira.

    O doleiro citou que um desses pagamentos pode ter sido feito por meio de uma das contas de Meirelles. Disse que não tinha certeza se a conta era a de Meirelles ou de outro doleiro, Carlos Alberto Souza Rocha.

    Meirelles tem três contas na China e em Hong Kong pelas quais passaram cerca de US$ 140 milhões entre 2010 e 2013, segundo estimativa do próprio empresário em entrevista à Folha em fevereiro.

    As contas eram abertas em nomes de empresas que Meirelles comprava quebradas, como a Labogen e a Piroquímica, e os recursos eram enviados à China e a Hong Kong simulando o pagamento de importação de produtos químicos. Os produtos nunca foram enviados ao Brasil, mas o dinheiro era usado para fazer pagamentos no exterior, entre eles o de suborno para empreiteiras.

    Meirelles e Youssef tiveram uma sociedade na Labogen, laboratório que chegou a fazer uma parceria com o Ministério da Saúde para produzir o princípio ativo de um remédio que o país importa.

    A parceria foi rompida pelo ministério no ano passado após a Operação Lava Jato ter revelado que o ex-deputado federal André Vargas (ex-PT-PR) havia intermediado encontros para a Labogen conseguir o negócio com o governo

    Um delator da operação, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, entregou à Justiça comprovantes de pagamento que recebeu da Constructora del Sur em uma conta que mantinha na Suíça. Barusco disse ter recebido US$ 916,7 mil da Odebrecht por meio da empresa.

    A mesma empresa do Panamá foi usada para fazer pagamentos ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, segundo documentos das autoridades de Mônaco.

    A Constructora del Sur tem todas as características de uma empresa de fachada, segundo investigadores da Lava Jato : seus supostos executivos são advogados que representam outras firmas.

    OUTRO LADO

    A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento ilícito para conseguir contratos da Petrobras, seja para executivos ou ex-executivos da estatal. Em nota, afirma que nunca fez nenhum tipo de negócio com a Construtora del Sur.

    "Não são verdadeiras as notícias que vêm sendo veiculadas que atribuem à Odebrecht a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco", diz.

    A Odebrecht afirma que tem interesse em que a verdade seja apurada e que "está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento".

    A OAS disse em nota que refuta as alegações de Youssef, de que a empresa pagou propina em nome de um consórcio do qual a Odebrecht também fazia parte.

    Em manifestações anteriores, a empresa negou ter feito pagamentos ilícitos para obter obras da Petrobras.

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