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    Panelaços não farão Dilma se intimidar, diz novo ministro da Secom

    MARINA DIAS
    ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    02/04/2015 02h00

    Beto Barata/Folhapress
    O novo ministro da Secom, Edinho Silva, durante entrevista
    O novo ministro da Secom, Edinho Silva, durante entrevista

    Escolhido pelo perfil político para comandar a Secretaria de Comunicação Social, algo inédito na administração Dilma Rousseff, o novo ministro da Secom, Edinho Silva (PT-SP), 49, reconhece que o governo "está perdendo a narrativa" quando o assunto é crise política, mas afirma que os "fatos" falarão mais alto e devolverão à presidente da República a popularidade perdida.

    Em sua primeira entrevista exclusiva, Edinho, como é conhecido pelos colegas no PT, afirma que a presidente da República não se assustará diante de protestos contra sua administração.

    "Ela [Dilma] já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente se intimidar", diz.

    Homem de confiança de Lula e aposta dos petistas para melhorar a relação entre o ex-presidente e Dilma, Edinho terá assento na coordenação do governo, o grupo que toma as principais decisões políticas na gestão.

    Ele promete critérios técnicos na distribuição de verbas publicitárias, sem privilegiar veículos de comunicação alinhados com o Planalto.

    Confira a seguir os principais trechos:

    Folha - O PT defende que recursos publicitários irriguem mais veículos de comunicação afinados com o governo. Concorda?
    Edinho Silva - Os critérios estabelecidos são técnicos e vou segui-los. Mas quero racionalizar a execução orçamentária [a verba é de cerca de R$ 200 milhões ao ano] para ampliar ao máximo a extensão de nossas campanhas. Quanto mais você conseguir que recursos cheguem a vários veículos, a comunicação se torna mais eficiente.

    Mas hoje há um descasamento entre audiência e dinheiro recebido...
    Sou um ministro que teve uma história de vida vinculada ao PT, mas assumo a Secom para fazer a gestão dos recursos públicos pautado pelos interesses públicos. Pedi um levantamento da composição dos critérios da mídia técnica e, se há distorções, que a gente possa atualizar.

    A presidente sugeriu um aumento de verbas publicitárias. E o ajuste fiscal?
    O que a presidente quis expressar é que há uma necessidade de o governo se comunicar e a comunicação não é pautada só pela publicidade. Pensar isso é um erro. A comunicação efetiva se dá no cotidiano. O governo tem que dialogar o tempo todo com a sociedade.

    A avaliação geral na classe política é de que o governo se comunica muito mal.
    O governo se comunica dentro da realidade que está vivendo. Por estarmos em um momento de muita turbulência, muitas vezes o governo não consegue fazer chegar à sociedade todas as informações necessárias. Mas não quero lançar iniciativas olhando pelo retrovisor. O que foi feito, foi feito. Vou me nortear por alguns princípios: valorizar os veículos de comunicação, construir uma estrutura na qual todas as demandas sejam atendidas e unificar a comunicação do governo. Se os ministros não falarem a mesma linguagem, é evidente que vamos falhar na comunicação.

    Seu antecessor, o ex-ministro Thomas Traumann, pediu demissão após um documento interno da Secom dizer que há um "caos político". Há?
    Não li o texto.

    Ah, ministro, por favor!
    Não li e não me interessa ler. Quando se olha muito pelo retrovisor, você bate o carro. Vejo um momento de turbulência política, isso é inegável, que precisa ser trabalhado politicamente com diálogo.

    O texto também defende o uso de robôs que atuaram na eleição para multiplicar notícias positivas sobre o governo. Vai usar robôs nas redes sociais?
    Não. O governo utiliza as redes sociais da forma institucional. Os robôs são usados no submundo da internet e essa não pode ser a esfera de atuação de um governo.

    O documento também diz que "a comunicação é o mordomo da crise". Vivemos em uma crise. Por que então aceitou esse, digamos, "abacaxi"?
    Tenho um compromisso com esse projeto político que é o projeto da minha vida. Sei que não é tarefa fácil, mas jamais recusaria uma missão em um governo liderado pela presidente Dilma.

    Acha que o desgaste do governo está ligado à deterioração de imagem que o PT sofreu após o mensalão e a corrupção na Petrobras?
    Os fatos precisam falar mais alto e serem mais sólidos do que as narrativas. Acredito que, no médio prazo, serão. Qual fato existe contra o governo Dilma? Nenhum. Portanto, o que estamos perdendo é a narrativa, porque não há fato contra ela. O enfrentamento só interessa à oposição. É na calmaria que esse governo vai deslanchar e as informações vão chegar sem ruído à sociedade.

    Os panelaços intimidam Dilma?
    Nada intimida a presidente da República. Quem já passou por tudo o que ela passou... não é uma crise conjuntural que vai intimidá-la. Ela já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente Dilma se intimidar.

    Como o governo tem que comunicar o ajuste fiscal?
    Tem que fazer a informação chegar da forma mais simples possível. Ajuste fiscal não é programa de governo, são medidas a serem tomadas para que a economia possa crescer de forma sustentável, gerando emprego e distribuindo renda.

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