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    Lava Jato

    Empreiteiras são acusadas de desvios no metrô de Salvador

    AGUIRRE TALENTO
    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    05/04/2015 02h00

    Empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras também foram acusadas pelo Ministério Público Federal de terem superfaturado o metrô de Salvador em 1999, maior obra da gestão do atual vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA), à época prefeito da capital baiana.

    O TCU (Tribunal de Contas da União) detectou sobrepreço de ao menos R$ 166 milhões, em valores da época, e responsabilizou gestores indicados por Imbassahy, além das empresas envolvidas, as mesmas que agora serão investigadas pelo tucano na CPI.

    Sérgio Lima - 27.mar.2014/Folhapress
    O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
    O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)

    Inaugurado no ano passado, o metrô de Salvador tem 7,5 km de extensão, levou 14 anos para ficar pronto e consumiu mais de R$ 1 bilhão.

    As irregularidades nas obras levaram o Ministério Público a mover duas ações –que acabaram suspensas porque o Superior Tribunal de Justiça considerou ilegais grampos telefônicos da Operação Castelo de Areia e derrubou o caso. O Ministério Público, porém, recorre no Supremo Tribunal Federal.

    As obras do metrô, cujo contrato foi assinado em 1999, foram feitas por um consórcio formado por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens.

    Segundo informações da Operação Lava Jato, essas duas primeiras empresas fizeram parte, desde o início, do chamado "clube" de empreiteiras que atuou na Petrobras. Sobre a Siemens, a Procuradoria diz que ela não participou das irregularidades.

    As investigações sobre o metrô de Salvador apontaram que o consórcio pagou uma empresa italiana que havia feito a melhor proposta na licitação para que desistisse da obra. O repasse, segundo a Procuradoria, foi feito por meio de um contrato de cerca de R$ 10 milhões para fornecimento de equipamentos.

    Documentos apreendidos apontam ainda, segundo a investigação, que foi formado um consórcio oculto com outras empreiteiras que também participariam das obras: Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Constran e Alstom.

    Dessas, só a Alstom não aparece como associada ao "clube" da Lava Jato, mas é apontada como integrante de cartel no Metrô de São Paulo.

    A Constran não aparece diretamente, mas pertence ao grupo UTC –um de seus executivos, Ricardo Pessoa, é acusado de chefiar o "clube".

    A Engevix, outra envolvida no escândalo da Petrobras, foi contratada como supervisora das obras em Salvador e também é alvo do TCU.

    DOAÇÕES

    Nas eleições do ano passado, Imbassahy recebeu doações de R$ 30 mil da Braskem, empresa ligada à Odebrecht, R$ 250 mil da OAS e R$ 76,8 mil da UTC.

    A CPI da Petrobras, que já tem mais de um mês de funcionamento, não aprovou nenhum requerimento para convocar representantes dessas empresas ou para quebrar sigilos delas.

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