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    PMDB da Câmara diz que ida de Temer à articulação coloca partido na crise

    MÁRCIO FALCÃO
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    07/04/2015 21h26

    A bancada do PMDB na Câmara reagiu mal à decisão da presidente Dilma Rousseff de transferir a articulação política para seu vice, Michel Temer.

    A avaliação é de que o xadrez ministerial comandado pela petista leva o PMDB para dentro da crise política e ainda coloca em risco a principal bandeira de independência que deu sustentação para a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara.

    Desde que foi eleito em fevereiro, Cunha, que é considerado desafeto de Dilma, ganhou mais visibilidade e cacife político por ter patrocinado uma série de derrotas ao governo, aproveitando a alta rejeição da petista pelas turbulências na economia e na política.

    Para deputados do partido ouvidos pela Folha, a movimentação do Planalto tem potencial para provocar um desgaste na cúpula do PMDB e até uma disputa interna de poder entre Temer, que é presidente da sigla, Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também se transformou em um aliado imprevisível e incômodo ao Planalto.

    O dilema peemedebista agora é manter a bandeira de independência no Congresso, resultando na desautorização do presidente nacional do partido e interlocutor do Planalto, ou abandonar a atuação autônoma e se a realinhar com um governo que registra uma das popularidades mais baixas da história.

    Líderes de outros partidos aliados ouvidos pela Folha também compartilham da avaliação de que a medida coloca o PMDB no centro da crise, mas completam que a medida ainda preserva o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), que é alvo de fogo amigo no PT, especialmente no grupo do ex-presidente Lula.

    Para esses deputados, Mercante, que também tratava das negociações políticas, deixará o radar direto das reclamações dos aliados.

    Alguns líderes disseram que ficaram surpresos e ainda viram como uma reviravolta no cenário, uma vez que o PMDB barrou a ida do ministro Eliseu Padilha (Aviação) para a Secretaria de Relações Institucionais. Sem unidade interna, ele recusou o convite.

    A entrada de Temer na articulação foi comunicada por Dilma aos líderes durante reunião na tarde desta terça no Planalto. No encontro, a petista voltou a defender as medidas do ajuste fiscal, em discussão no Congresso, e fez um apelo para que congressistas não aprovem projetos com impactos nas contas públicas.

    Temer deve se reunir nesta quarta com os líderes para assinar um "pacto" para o controle das contas públicas.

    A oposição aproveitou para criticar o Planalto. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), afirmou que Dilma deixa claro mais uma vez que não comanda seu governo. "Na área econômica, a presidente está na dependência do ministro Joaquim Levy [Fazenda], agora, passa a articulação política para seu vice, qual é a parte do governo que ela comanda?", questionou. "A pilota sumiu! Está tudo terceirizado", provocou.

    Líder da minoria, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), afirmou que Temer foi indicado ministro por exclusão, já que os demais candidatos sondados não aceitaram a indicação. "Ela não achou um cidadão brasileiro que topasse ser seu ministro da Secretaria de Relações Institucionais. A secretaria foi extinta por não haver brasileiros que pudessem assumir a complexidade que é assumir a articulação política de Dilma Rousseff", disse.

    O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa de Dilma. Para ele, a indicação de Temer teve o aval dos líderes do governo e vem para melhorar a relação com o Congresso.

    "Ninguém melhor para essa missão do que o ex-presidente desta Casa, que foi parlamentar por 25 anos e pode consolidar a nossa base e qualificar a relação do governo com o Congresso, inclusive dialogando com a oposição responsável", afirmou.

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